Poeta Mário Querino e Cantor Pretinho do Arrocha 20/04/2014 |
Cordiais saudações, meus queridos
amigos, Boa noite.
Peço desculpa que está com
alguns anos que não compareço aqui.
Hoje já tenho o que
ofertar para vocês. Vocês não me conhecem. Vou me identificar, eu sou o Sr. Dr.
José Pinto da Silva.
Eu nasci em Portugal, me
criei na Grota João Pinto, sou irmão do João e pai do tio Paulão.
Senhores autoridades, meu
abraço, e boa Páscoa e quero segurança. Eu também sou autoridade e minha classe
é de cabo para riba.
Vou começar as minhas
ofertas que tenho que dar.
A muitos anos que me
malham,
Me tratam com violência.
Levando ferro sozinho,
Ninguém vê a concorrência.
Sou Doutor tabelião,
Eu quero esse momento
Pedir a sua atenção
Para fazer meu testamento.
Mas vamos deixar pra lá
E seguir a tradição.
Vou abrir o meu baú
Com brindes de ocasião.
Deixo para meu Prefeito
Marlos André,
Eu tenho que deixar, este
Distrito
Para você dominar.
Olhe, a eleição vem aí
Para outro Prefeito não
lhe tomar.
Ó Vereador Jau, não esqueci
de você não,
Deixo todos os problemas,
Desse cantinho do sertão
Pra você trabalhar muito,
Com muita dedicação.
João da Quita vem aí
E quer ganhar a próxima eleição.
Pro povo da rua do
Cemitério,
Gente de muita estima e
apreço,
Deixo os gritos do Paulão
Para não esquecer o
endereço.
Pro povo da praça
Ter muita atenção,
Saiam da frente que já vem
moto do Dudu
Parecendo um foguetão.
Pro Valdinho eu vou deixar
Sem dizer que é marcação,
Um lindo microfone
Para exercer sua
profissão.
Pro povo da rua do Zezé,
Gente que não gosta de
confusão,
Deixo o Belo e o Bibi
Pra manter a tradição.
Pro Vado do Né se acalmar
E não ficar nervoso não,
Deixo o time do Vasco
Que é freguês do Mengão.
Testamento é complicado,
Mas eu faço mesmo assim,
Deixo um rifle carregado
Pro amigo Marabim.
Para os jogadores de
futebol
Que sempre é uma grande
confusão,
Deixo as faltas do
Bracinho,
As loucuras do Gordinho
E a idade do Toninho
Pra resolver a situação.
Para o Mário Querino
Uma máquina profissional
vou deixar,
Para que melhor possa
O nosso povo fotografar!
Vou deixar ao Nelinho
E quero que ele aceite,
Umas luvas de borracha
Para quando for tirar o
leite.
Ao Pretinho,
Cantor muito afamado,
Um microfone lhe deixo
Para que não fique calado.
Para o meu barraqueiro Sinho,
Tenho que deixar
Uma venda de cachaça
Para o povo roubar,
Vende uma cerveja e cobra
3,
Assim vai enricar.
Deixo para meu pai Biri,
Um conselho eu vou lhe dar,
Não arrasta a enxada,
Que não vai mais enricar,
Vamos agora comigo
Para você descansar,
O Senhor é meu pai,
Eu vou lhe aposentar.
O meu amigo Cardim
Raparigou até demais,
Ainda hoje tem inzona,
Bateu asas e voou,
Adeus para nunca mais.
Para o meu filho Edinho,
Eu tenho que deixar,
A profissão de gaioleiro
Para os pássaros criar,
Tome cuidado na vida
Que a profissão não dá,
O pior é o IBAMA
No dia que lhe pegar.
Deixo para o meu filho
Cido
Pois tenho que deixar,
Uma carteira cheia de
dinheiro
Mas não vou aguentar,
Perdeu até os documentos
Metido a raparigar.
Para meu filho Leu
Eu deixo o que tenho que
deixar,
O antigo Posto velho
Para suas artes ele criar.
Para meu bisneto Júnior
Eu deixo o que tenho que
deixar,
O meu pá de bota velha pra
O seu pai na roça ajudar.
Para o meu irmão Jair
Eu tenho que deixar,
Uma oficina de bicicleta
Para você lambuzar.
Largue de ser preguiçoso
Para os seus clientes
O Itamar não lhe tomar.
As mulheres também estão
aqui
E também tenho que deixar,
Deixo todas as casas de
Bananeiras
Pra elas arrumar
E cuidar bem do marido
Pra eles não lhes largar.
As mocinhas muito lindas
Os estudos eu vou deixar,
Cuidado com o namoros
escondido
Para de seu pai não apanhar.
Deixo também um burrinho,
Esse é de quem encontrar,
Vou dar os sinais bem
certo
Para ninguém se enganar,
Tem 144 anos, tá quase bom
de montar.
Valentão como o Neto,
Zuadento como o Cuca,
Briguento como o Marquinho
E Chato como o Tuca.
Dançarino como o Ricardo,
Burro de carga como o
Nilsinho,
Conservador como o Wagner
E moiteiro como o Veinho.
Assim peço desculpa,
Tudo isso é brincadeira,
Pior é o Mão Queimada
Caído lá na ladeira.
Mas vou pagar o mal que
fiz,
De tal ação ter praticado
E não tardará muito tempo,
Que fogo me seja lançado.
Para quem não levou nada
Não quero que fique a
chorar,
Pois nestes tempos de
crise
Foi o que consegui
arranjar.
Ah! Não tenho mais nada,
Isso chegou ao fim,
Só vos peço uma coisa,
Rezai todos por mim.
Já acabei o Testamento
E agitei o vosso quotidiano,
Agora só tenho a dizer:
Adeus e até o próximo ano!
Autor Desconhecido
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