sábado, 28 de abril de 2012

BARRAGEM QUE MATA O RIO AIPIM CRUELMENTE


Poeta Mário Querino 28/04/2012



Ainda me lembro o tempo
Em que foi construída
A Barragem do Rio Aipim.
O padre defendia a vida


De nosso rio tão querido,
Pois dizia que iria morrer
E o nosso povo ribeirinho
Obviamente iria sofrer.


Nosso padre lutou sozinho
Para defender o nosso rio,
Que na compreensão dele
Perderia o seu grande brio.


Contudo o próprio povo,
Aplaudia seu Governador,
Sem saber que agora
Seria um povo sofredor.


Em plena praça do Distrito,
O Governador da Bahia,
Declarou claramente que
Nosso padre só entendia


De Missa, não de engenharia.
Recebeu até dedo no nariz
Do próprio Tenente,
Que lhe deixou muito infeliz.


Mesmo assim nosso padre,
Cumpriu o seu destino,
Foi à torre de nossa Igreja
E com vigor bateu no sino,


Dando o sinal mais certo,
Que nosso rio iria morrer.
E obviamente este povo
Ribeirinho iria então sofrer.


Contudo, nossos políticos
Fizeram um bom negócio,
E que jamais deixariam
De visarem 100 mil votos,


Para olharem apenas 1 mil.
Isso chamou a atenção
De todo este povo pobre
Que sempre vive na região.


Hoje, depois de 15 anos,
Já vemos nosso Rio Aipim,
Realmente morto
E todo mundo acha ruim.


As grandes cidades estão
Preocupadas com a falta
Das chuvas que encheriam
A Barragem que mata


O Rio Aipim cruelmente.
Tenho 50 anos de nascido,
E nunca vi este rio morto,
Por causa de um castigo.


Agora já estão querendo
Um grande racionamento,
Pedindo ao nosso povo
Que tenha entendimento.


Isso me faz refletir bem,
Todo o nosso sofrimento.
Nós tínhamos muita água
Agora, temos só lamento.


Vivemos agora mendigando
Pequenas vasilhas d’água,
Sem o direito de comentar,
E jamais reclamar de nada.


Mário Querino – Poeta de Deus

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