Poeta Mário Querino 23/10/2014 |
“Eu disse: ‘Vou vigiar a minha conduta, para não pecar
com a língua; vou tapar com mordaça a minha boca, quando o injusto estiver
presente’. Eu me calei, em silêncio. Segurei-me para não falar, e minha dor
tornou-se intolerável.
Por dentro, o coração me queimava. Ao pensar nisso, o
fogo se inflamava.
Então soltei a minha língua. ‘Mostra-me o meu fim Javé, e
qual é a medida dos meus dias, para eu saber o quanto sou frágil. Olha: os dias
que me deste são um palmo apenas, e a minha duração é um nada diante de ti. Sim,
todo homem não passa de um vazio, todo homem é apenas aparência. O homem vai e
vem como sombra, e labuta por um nada: amontoa e não sabe quem vai recolher’. E
agora, Senhor, o que posso esperar? Em ti se encontra a minha esperança. Livra-me
de minhas transgressões todas, não me deixes como ultraje para o insensato! Eu me
calo e não abro a boca, pois quem vai agir és tu! Afasta de mim a tua praga,
pois eu sucumbo ao ataque da tua mão! Castigando o erro, tu educas o homem, e
como traça tu róis os tesouros dele. Os homens todos são apenas um sopro! Javé,
ouve a minha prece!
Dá ouvido aos meus gritos!
Não fiques surdo ao meu planto: porque sou hóspede junto
a ti, inquilino como os meus antepassados. Afasta de mim o teu olhar, e
deixa-me respirar! Antes que eu me vá, e já não exista mais!”
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