Pela rua do Distrito
De Bananeiras sim,
Daí eu ouvi um dito
Que achei curioso,
Pois alguém quis
Saber por que eu
Sou assim tão feliz
Com a minha barba
Crescida um pouco.
Ora, alguém inquiriu:
“Você parece louco
Com a barba assim,
Por que ainda não
Mandou tirar para
Alegrar seu coração
E ter um rosto sim,
Bem mais brilhante?”
O que eu objetar
Neste bom instante?
Ora, somente isso:
Porque faltou grana
E não pude mandar
Tirar nesta semana,
E quando eu recebi,
Faltou-me o tempo,
E quando tinha sim,
A grana e o tempo,
O cabeleireiro não
Foi ao salão pra eu
Tirar minha barba.
Quando apareceu
Tudo: O dinheiro,
Tempo e também
O cabeleireiro, eu
Não estava bem
De saúde, daí eu
Não tirei a barba.
Ora, novamente
Alguém indaga:
“Ora, não se acha
Feio com essa
Barba já crescida,
Meu amigo Poeta?”
O que eu responder
Para alguém agora?
Pra tudo há tempo,
Nada é fora de hora
E não tenho como
Eu me achar feio.
Por que, ó Mário?
Porque o espelho
Foi negligente, eu
Só desejo espelho,
Quando eu choro
E olhos vermelhos
Ficam de eu chorar
Apaixonado. Então,
Como eu vou ver
A feiúra? Nada não
Incomoda-me aqui.
E se eu fosse para
Homem me achar
Bonito, teria, ó cara,
Nascido Mulher.
Ora, feio ou bonito,
Sinto-me muito bem,
E nem só por isso,
Vou me preocupar
Com a minha barba
Que eu crio até aqui,
E eu não pago nada?
Mário Querino – Poeta de Deus
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