Alguém indagou assim:
“O que fazer quando
Uma pessoa tira uma
Da cara, ironizando
O seu procedimento
Que está muito ditoso
Seguindo os seus dias
De vida entre o povo?”
O que devo responder
Para não ferir o irmão?
Ora, é usar as palavras
Que mãe dizia no sertão:
“Filho, não se preocupe
Com dizeres de alguém,
Deus é contigo, ó filho,
Você será feliz também,
Se assim você continuar
Com este procedimento
Que tem, tudo isso vai
Passar como um vento.
A minha mãe já dizia:
‘Não há coisa melhor
Do que um dia após
Outro.’ Se você ficar só,
Não se preocupe não,
Porque Deus é contigo
E quer lhe dar o melhor
Entre amigas e amigos.
Fique agora sabendo
Que, só quem carrega
Uma Cruz nesta Terra,
É quem se entrega
Ao Amor que já está
No Senhor Jesus Cristo.
Então, quebre pau
Nos ouvidos, pois isso
Se vai como um vento,
Mas o Amor permanece
Para sempre, e vale
A pena...” Mãe Gildete
Era uma mulher leiga,
E deu 13 filhos a meu
Pai Antônio Pereira,
Mais de 40 anos sofreu
Com um mal na perna,
Mas pacientemente
Cuidou bem de meu pai
E também da gente.
É claro, a Morte levou
2 irmãozinhos meus,
Ainda recém-nascidos,
Porém o Senhor Deus,
Sempre lhe dava força,
Coragem e aumentava
Sua fé. Por isso Gildete
Sempre pra mim falava:
“Meu filho, não há coisa
Melhor do que um dia após
Outro. Isto eu já ouvia
De seus ternos avós.”
Mas eu achava que tudo
Era adágio popular,
E muitas vezes eu não
Dava importância. Está
Tudo voltando pra mim,
Para lembrar dos ditos
De minha mãe Gildete
Que viveu neste Distrito
Os seus 77 anos de vida.
Com 20 anos se casou
Com Antônio Pereira
Com 24 anos. Eu estou
Redigindo só por ouvir
A história de meus pais,
Porém, se algo estiver
Diferente, voltarei atrás
E farei uma retificação
Para que tudo seja
Correto em Bananeiras,
Minha terra sertaneja.
O que eu achava pulcro
Na vida de mãe Gildete,
Era a paciência dela,
E ninguém se esquece.
Também ela tinha sim
Uma grande tolerância,
A ponto de alguém
Ver a nossa ignorância,
E por amor a nós logo
Ia avisar: “D. Dedé,
Seu filho fulano de tal
Está no Bar do Zezé.”
O que ela dizia? “Deixe,
Quando não quiser mais,
Certamente, ele voltará
À casa de seus pais.
Pois se eu for lá, só vou
Lhe agitar mais ainda.
Daí posso até morrer,
Pois o efeito da pinga
Afasta a consideração,
De mãe, pai e irmãos.
E se eu morrer por ele,
Ora, os outros ficarão
Sem os meus cuidados.
Deixe, já sabe o que faz,
Quando não aguentar
Voltará à casa dos pais.”
Eu achava que mãe não
Tinha amor por nós,
Porém, ela nos amava,
E Deus ouvia a sua voz
Paciente e tolerante.
Por isso ela morreu sim,
E não viu nem ouviu
Nenhum fazer algo ruim,
Se algum já faz, porque
O ser humano é sujeito
As mesmas paixões,
Só Deus pode dar jeito.
Então, eu fico na minha,
Esperando um dia após
Outro. Minha mãe dizia
E eu ouvi bem a sua voz.
Ora, por mais que o Céu
Desça ou suba a Terra,
Não quero esquentar
A cabeça no pé de serra
Intitulado Bananeiras.
Quero viver cônscio
Que a qualquer hora
Morrerei, me apronto
Com fé e muito prazer,
Para encarar o tempo,
Sou ciente que a vida
É como vela no vento.
Mário Querino – Poeta de
Deus
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