Preguiça faz com que
A gente enfraqueça
E morra de fome sim,
Neste vasto planeta
Que o Senhor Deus
Fez nomeando Terra,
Sobretudo no Distrito,
Meu bom pé de serra
Onde eu nasci, cresci
E vivo comendo sim,
O que eu puder tragar
Achando bom ou ruim.
Como eu não adoto
Essa tal de preguiça,
Faço meu prato, tenha
Carne ou só linguiça.
Como não sou besta,
Não espero por Marisa,
Se aqui tenho fogão,
E ainda tenho na vida
Coragem, força e tudo
Que preciso pra comer,
Achas que vou esperar
E de fome eu morrer?
Se a D. Marisa estiver
Trabalhando, dou glória
Ao Senhor meu Deus,
Se não, uso a memória
E faço o gostoso prato
Para encher a barriga.
Pois o melhor é comer
E ficar ditoso da vida.
Cara, deixa de ser besta,
Vai para o teu fogão
Assoviando e cantando
Prepara o teu bom pão.
Se estar com o armário
Cheio de alimento cru,
Tenha ânimo, não morra
De fome em Pindobaçu.
Ainda hoje, eu sonhei
Que uma mãe de Família
Tinha a maior preguiça
Do mundo, na partilha
Do pão, um dos filhos
Pediu pra ela feijão,
Que não tinha em casa,
Não lhe tiro da razão
Por não dar feijão não,
Ao seu filho que pediu.
Mas fiquei embraveado
Quando o coração ouviu
A historieta já contada
Por alguém nesta vida:
“Ora, alguém mandou
A mim a criança sofrida
Pra me solicitar feijão,
E com muito amor,
E piedade da Família,
Dei 3Kg, e ela o levou.
Após alguns minutos
A criança voltou triste
E pra alguém que deu
Os 3kg de feijão disse:
‘Dona, mãe não quer
O feijão que a senhora
Mandou por mim não.’
Alguém disse: 'E agora,
O que você vai comer'?
A criança inocente fica
Querendo chorar,
Pois de tanta preguiça,
A sua mãe já queria
Cozido." Ora, a criança
Não tinha culpa, e sim,
Queria encher a pança.
Então, como não sou
Besta, para ter fogão
À gás, ter arroz, carne
Ou linguiça, ter feijão,
Farinha de mandioca,
Verdura na geladeira,
E morrer de fome
Aqui em Bananeiras,
Esperando por Marisa,
Que está trabalhando
Ou fazendo crochê
No cantinho baiano.
Sendo assim, já mereci
Morrer de fome sim,
À muito tempo atrás,
Mas, não vá por mim,
Porque sou um cara
Louco, nesta vida vou
Comer sim, algo feito
Com amor e por amor.
Ainda que D. Marisa
Não faça, eu farei sim,
E se eu não puder,
Eu pagarei até o fim,
Porque eu só trabalho
Visando o pão na Terra,
Sobretudo no Distrito,
Meu bom pé de serra.
Então a preguiça faz
Com que a pessoa
Se enfraqueça aqui,
E morrer na boa.
Menos um pra gente
Não ficar julgando
Na terra de Bananeiras,
Meu cantinho baiano.
Cara, hoje, pare, pense
E me fale a verdade.
Se tem tudo no armário,
E por falta de coragem
Não cozinhar e ficar
Com fome esperando
Pela vontade de Marisa
Neste cantinho baiano,
Não mereço morrer
E deixar o alimento
Para outro que tem
O contentamento
De acender seu fogo
E cozinhar na boa,
Do que eu jogar fora
E faltar às pessoas?
Mário Querino - Poeta de Deus
“Ande, preguiçoso, olhe a formiga, observe os hábitos
dela, e se torne sábio. Ela não tem chefe nem guia nem governante. Apesar disso,
no verão ela prepara seu alimento e reúne sua comida durante a colheita. Até quando
você vai continuar dormindo, preguiçoso? Quando é que vai se levantar da cama? Um
pouco você dorme, outro pouco cochila; e mais um pouco ainda, cruza os braços
para descansar. Então cairá sobre você a pobreza do vagabundo, e a indigência como
homem armado o atacará.” Provérbios 6.6-11
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