Eu recebi um paletó
Vindo do meu irmão
Edgar Querino que
Deixou o meu sertão,
Digo, o meu Distrito
Titulado Bananeiras,
Onde eu nasci, cresci
E passo a vida inteira.
É um paletó bonito,
Uso às madrugadas
Para orar ao Senhor
Aqui em minha casa.
Alguém pode inquirir:
“Por que não vestes,
Pra andares elegante
Aqui no seu nordeste?”
Ora, onde eu trabalho
Não cabe um terno,
Onde eu ando ou vou,
Todos são modernos
E usam roupa simples.
Se aparecer de paletó,
Dará uma impressão
Que sou cara melhor
Que os compatrícios,
Parentes e amigos.
Por isso eu ando sim,
Sem abafar o sentido.
Afinal de contas, eu,
Eu não uso terno não,
Pra mostrar elegância,
Mas, pra fazer oração
Ao Senhor nosso Deus,
Claro, sem arrogância.
Pois Deus é amor, tem
Paciência e tolerância.
Por isso aprendo com
Jesus: “Tu, porém,
Quando orares entra
No teu quarto...” Tem
Sentido quando tem
Silêncio quando ora.
Porque Deus escuta
A alma que implora.
Não precisa se exibir
Como atriz ou ator.
Isso não me interessa,
E penso que o Senhor
Ao sondar o coração
De certos elegantes
Vê que são rompentes
E também arrogantes.
Porque Deus não é
Surdo nem cego, fala
Por meio da Natureza,
E ninguém Lhe cala,
Ele quem criou nós.
Quando Jesus pediu
Pra entrar no quarto,
Fechar a porta, Ele viu
Que é no silencio que
Deus escuta melhor.
O bom Profeta Elias,
Quando estava ali só
Esperando o Senhor,
Veio grande e forte
Vento, mas Deus não
Estava no vento. Sorte
De Elias, que depois
Do fogo, num cicio
Tranquilo e suave,
Deus falou com brio.
Então agradeço pelo
Bonito paletó sim,
Que ficou muito bom,
Ele foi feito pra mim.
Obrigado, ó Senhor,
Obrigado, ó irmão,
Que eu me exponha
Com mais satisfação
Diante do Senhor,
Com boa elegância
De Poeta de Deus,
Ora, sem arrogância.
Mário Querino – Poeta de Deus
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