Ora, eu sonhei assim:
Um pai de Família,
Tinha três filhos bons,
Um andava na trilha
Que o pai seguia sim,
Outro era empregado,
E o outro só cuidava
Da Fazenda e do gado.
Porém, em um deles
A esperteza chegou
E deu a sua opinião,
É óbvio, o moço ficou
Muito satisfeito com
A ideia da esperteza.
Daí quando prestava
Contas, com certeza,
O moço já elaborava
Tintim por tintim,
Tudo que ele queria
Fazer de forma sim,
Para o pai não notar
Que estava sendo
Enganado nas contas.
Fazia um embolado
Nas prestações do pai,
E quando o pai fazia
O seu pagamento,
O moço logo dizia:
“Agora, meu pai, só
Tem esse valor para
Ser pago no outro
Mês.” Então, o cara
Anotava esse valor,
Contudo, quando ia
Fazer as suas contas,
O moço tudo já fazia
Com o seu jeitinho
Brasileiro. Daí então,
Ele juntava contente
Sim, cada prestação
E dava o valor dito
No mês passado sim.
Ele dizia para o pai
Isso, somente a fim
De usar a esperteza:
“Pai, neste mês foi
Tanto a sua despesa.”
E a esperteza depois
Dizia: “Vamos somar
Com tanto que ficou
Do mês passado.”
Ora, a conta dobrou,
E o pai enganado sim,
Outra vez pelo filho.
Eu pergunto: Quem
Pode fugir do trilho
Da esperteza no Orbe
Intitulado Terra,
Mormente no meu
Amado pé de serra
Onde eu nasci, cresci,
E vivo bem aqui sim,
Ao lado desta Mulher
Que cuida de mim?
Mas como tem pai
Que perdoa seu filho,
E não quer vê-lo
Sofrendo no vil trilho,
Somente achava sim,
Suas contas subindo,
Mas por isso jamais
Ficava lhe afligindo.
Porque tudo é do Pai,
Ainda que um filho
Tente desviar para
Ser ostento no trilho,
Não deixa de ser não,
Do Pai. Por isso usar
Esperteza não adianta
Nada, pois tudo ficará
Pra quem nunca quis
Trabalhar com gosto.
E procura ter algo
À custa dos outros.
“Melhor é um prato
De hortaliças onde
Há amor do que o boi
Cevado e, com ele,
O ódio.” Ora, se tudo
É do Pai, não adianta
Esperteza, por que já
É nossa a herança.
Daí eu me acordei
E já fiquei pensativo
Neste sonho. Por isso
Relato pros amigos.
Mário Querino – Poeta de Deus
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