Poeta Mário Querino e amigos cachorros 03/06/2019 |
Um cachorro veio fazer
Queixa dizendo assim:
“Eu passei numa rua,
Alguém falava de mim,
Não era me elogiando,
Porém, falando mal,
Por que eu vivo latindo
Quando vejo o pessoal.
Claro, eu lato mesmo,
Por passar em horário
Fora do permitido,
E aviso ao proprietário
Que vai passar gente
Que eu não conheci,
Que ele fique atento
E não vá logo dormir.
Então, eu ouvi alguém
Falando de mim,
Mas é uma obrigação
Eu latir tanto assim.
O que acho mais feio
É homem que se acha
Inteligente e sabido,
E quando o cão passa
Na sua rua comenta:
‘Eu sou cachorro sim,
Mas pelo que eu vejo,
Gente ganha de mim
Na zoada e nas brigas.
Porque cachorro late
E briga para defender
Área onde é destaque.
Porém, essa gente zoa
E briga por besteira,
Cachorro não é assim,
Mas de outra maneira.
Agora, por que é gente,
Nos maltrata tanto.
Mas eu não engulo isso,
Pois lato no meu canto
Para avisar meu dono,
Você que é inteligente
Já me viu latindo
Em outro ambiente?
Perceba que, quando
Um cachorro está
Em ambiente alheio
E nota o dono chegar,
Ele procura logo sair,
Se possível, correndo.
Por que agora, gente
Vive na Terra dizendo
Que eu lato e brigo
No cantinho baiano.
Um cachorro só late
E vive assim brigando,
Quando é necessário.’
Então, hoje, eu vim
Fazer a minha queixa
Ao amigo Poeta Mário.
Por que ele sabe bem
Que nunca no sertão,
Lati contra sua pessoa,
Por ter compreensão.
Porque aonde tem cão
Feroz e desconhecido,
Por ser bom Porteiro,
E ter até hoje cumprido
A sua obrigação assim,
Vigiando a entidade
Com muita atenção,
Tirando oportunidade
De estranho lá entrar.
Isso faz parte do Vigia
Que não dorme nem
Cochila, noite e dia.
Claro, ele está certo,
Só passa pelo portão
Quem é conhecido
Ou tem a permissão.
Por isso ele entende,
Por que eu lato assim,
Com gente estranha.
Não careceria de mim,
Se eu não tivesse força
Para latir e brigar
Em prol da propriedade
Do meu dono que está
Dormindo confiante
No meu contemplar
Em volta do ambiente
Que ele manda vigiar.”
Na minha concepção
O cachorro é ciente,
Ninguém ver ele latir
Em outro ambiente.
Mas quem fala dele,
Em todo lugar briga,
Até na própria casa
Com a varoa querida.
O cachorro não briga
Com o seu conhecido,
A gente briga sempre
Com parentes e amigos.
O cachorro tem razão
Em dizer que a gente
Ganha dele na zoada
E na briga, e sempre
Ganharemos na Terra,
Por sermos inflexíveis
E maldosos também,
Nós somos impossíveis.
Mário Querino – Poeta de
Deus
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