Os afazeres não ficam
Para trás, quando não
Há preguiça na gente.
No dia de folga, então,
Procuramos fazer algo
Para ocupar a mente.
Isto faz bem pra vida
Que deve ir em frente.
Então, hoje, sendo dia
De sábado, a gente
Não presta serviço não,
Remunerado, sempre
Fazemos o melhor sim,
Pra gente ou voluntário
Para gente que confia
Num lavor sem salário.
Ora, depois que rocei
Uma parte da Chácara
Santa Maria, fomos
Sim, cheios de graças
Caçar ouricuri na área
De meu cunhado João,
Que fica bem defronte.
Com júbilo e satisfação
Voltamos com 2 cachos
De ouricuri verdinho.
Obviamente, D. Marisa
Fará seus geladinhos.
Quando eu era criança,
E vivia na casa de meus
Pais, juntamente com
10 irmãos (e só Deus
Para dar calma a mãe).
11 filhos, 7 machos
E 4 fêmeas ali dentro
Dum pequeno espaço,
Onde a gente brincava,
Brigava e afligia a alma
De nossa querida mãe,
Que com muita calma
Cuidava bem de todos.
Era tanta gente na casa,
Que até fiquei louco,
A ponto de fugir. Nada
Eu conseguia fazer não,
Porque meu pai lidava
Na roça e a minha mãe
Não podia sair de casa,
Pois tinha um montão
De buguelos pra privar
Minha mãe de sair sim.
D. Dedé neste lugar
Sofreu uma forte úlcera
Na perna, que não saiu
Até que ela virasse pó,
Ainda assim, cumpriu
A sua missão como mãe,
E dona de casa, ela deu
Conta do recado, isto
Com as graças de Deus.
Então, voltando o caso
Do ouricuri, mãe não
Fazia geladinho, por
Não ter esta condição
Que tem a D. Marisa.
Porque nesse tempo
Não tinha triturador
Nem no pensamento,
E não tinha geladeira
Boa. O que mãe fazia
Com o ouricuri verde?
Meu pai Toinho trazia
Um cacho de ouricuri
E mãe Dedé cozia sim,
Quebrava, feliz tirava
E tintim por tintim
Enfiava uma boa linha
Em cada bago. Daí
Fazia um bom rosário
Do gostoso ouricuri.
Como eu era votado
Para Igreja, eu botava
No pescoço com gozo,
E daí comendo ficava,
Até eu comer o último
Bago que estava sim,
Pendurado na linha.
D. Marisa faz pra mim
Geladinhos gostosos,
E isto traz recordação
De minha mãe Dedé,
Que já sofreu no Chão
Onde eu nasci, cresci
E vivo ditoso da vida
Ao lado desta Mulher
Intitulada D. Marisa.
Ora, quem acha que
É fácil conseguir algo
Lícito sem ralar aqui,
Está sim, enganado.
Pois nada cai do Céu,
A não ser as graças
De Deus. Achas que
Eu faria esta Chácara
Santa Maria de braços
Cruzados e a boca
Aberta só esperando
Cair algo na hora certa?
Eu estaria bem lascado
Com esta área cheia
De mato, e D. Marisa
Falando da vida alheia
De calçada em calçada.
Mãe dizia sem dúvida:
“Quem trabalha Deus
Sempre ajuda.”
Mário Querino – Poeta de
Deus
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