Ora, sonhei que havia
Um casal muito pobre
Numa terra longínqua,
E o casal para nobre
Trabalhava com amor,
Sempre fazendo bem
O seu devido trabalho
Que obrigação tem
Para então sobreviver.
Daí o casal precisou
Da Justiça desse país
Onde lidava com amor
Na Fazenda dum cara
Que era muito rico
E também famoso ali
Nesse país longínquo.
Ora, sem dúvida, seu
Direito permitiu e daí
Esse casal entrou sim
Na Justiça, sem exigir
Nada de mais do cara.
Daí então o tempo vai
Se passando, por que
O tempo não é um pai
Que passa mão sobre
A cabeça de ninguém.
Então esse casal tinha
Um neto que também
Queria ser um Doutor,
E aos 15 anos de vida
Seu avô expôs pra ele
Essa questão existida
Na Justiça desse país.
Então o garoto falou:
“Não se inquiete meu
Querido e terno vovô,
Já estou no Segundo
Grau Escolar, e serei
Um bom Advogado
Para conhecer as leis
E os direitos que tem
O meu vovô na Terra,
Sobretudo neste bom
E amado pé de serra
Onde o senhor já está
Vivendo com a Família,
Trabalhando na roça
E seguindo justa trilha
Para ter uma vida sim,
Digna nessa Sociedade,
A qual nós já fazemos
Parte dela, na verdade.”
Daí o seu avô olhou
Bem para seu netinho
E disse: “Vai demorar,
Já serei um velhinho.”
Ora, seu netinho riu,
E depois falou assim:
“Vovô, não importa,
Mas tintim por tintim
Essa Justiça será feita,
Pois serei Advogado
Para fazer o melhor
Pra esse povo amado
Que vive neste país.”
Ora, o avô não crendo
Nas palavras do neto,
Ficou então fazendo
Gesto de rir, e disse:
“Deus te ilumine meu
Netinho querido!
Ouça-te o nosso Deus.”
Como o tempo jamais
Espera por ninguém,
Foi passando ligeiro
E o garoto indo bem
No Colégio, até
findar
O seu Segundo Grau.
Ora, o avô ficou feliz,
E fez uma festa legal
Na casa de seu filho
Para comemorar sim,
O Diploma do netinho
Que tintim por tintim
Estudou e já esperava
O Vestibular pra fazer
Direito. Ora, seu avô
Com fé e muito prazer
Começou a investir
Na Faculdade do neto.
Como o tempo voa
E leva com sucesso
As pessoas que lutam
Em prol do bem,
Logo, logo o garotinho
Concluiu também
O Curso de Advocacia.
Daí chegou ditoso sim
Até onde estava o avô
E tintim por tintim
Disse contente da vida:
“Agora, meu bom vovô,
Resolverei a sua causa,
Porque já sou Doutor.”
O avô muito satisfeito
Disse para o seu neto:
“Muito bem meu filho,
Resolva com sucesso.”
Quando seu Advogado
Procurou essa causa,
Que o casal há tempo
Tinha sim, engavetada
No Tribunal desse país,
Ficou feliz e animado,
Acessou seu processo,
Achou sim complicado,
Pois tudo só dependia
Do Juiz. Então, o neto
Chegou até ao avô
E disse: “Sem sucesso.
A sua causa depende
Do Juiz, mas eu vou
Fazer Doutorado sim,
E essa causa do vovô,
Eu resolverei.” Ora, já
Sem esperança o avô
Ficou, e para seu neto
Já desanimado falou:
“Meu amado netinho,
Eu esperei por você,
Contudo, hoje em dia,
Não tenho o que fazer
Para eu ser bem visto
E o Juiz fazer Justiça.”
Daí o seu neto falou:
“Há uma frase dita:
‘A esperança é a última
Que morre.’ Estudarei
Para melhor eu julgar
E fazer cumprir as leis.
Daí então, se eu como
Um bom Juiz, não ter
A capacidade de fazer
Justiça, pode esquecer
Dessa causa e esperar
O tempo de Deu sim,
Porque farei Justiça
Tintim por tintim.”
Ora, a Justiça no Orbe
Intitulado Terra, tem
Uma grande gaveta
Que pode também
Arquivar os processos
O tempo que quiser.
Por isso é melhor sim,
Perder do que ter fé
Em algo que não traz
Nenhuma expectativa.
Ora, quando a Justiça
Quiser deixar resolvida
Essa causa, o cliente
Não precisa de nada,
Porque o Juiz já sabe
De tudo sobre a causa,
E já poderia definir,
Ganha ou já perdida,
Sem deixar a pessoa
Assim tão iludida.
Ora, eu não sou não,
Nenhum profissional,
Mas quando eu vou
Fazer algo é normal
Eu saber se sei fazer
Ou não. Se eu não for
Capaz de fazer, deixo
Pra quem se capacitou.
Ora, a Justiça daquele
País era muito lenta,
Que nem a preguiça
Perdia pra ela. Tenta
Botar algo na Justiça
Desse país que eu
Então sonhei. Ora só
Perderá o tempo seu.
Pois morrerá de velho
E nada será resolvido.
Ora, procurar a Justiça
Será tempo perdido,
É melhor ter combina
E resolver na boa
Do que pôr na Justiça
E ficar ansioso à-toa.
Daí então, quando eu
Acordei-me fiquei sim,
Pensativo neste sonho.
Por que veio a mim
Este sonho implexo?
Se nunca precisei não,
De Advogado na Terra,
Sobretudo neste sertão
Titulado Bananeiras
Onde nasci, cresci
E precisei da Justiça
Só pra me torturar aqui
Neste vasto Planeta
Intitulado Terra,
Sobretudo no meu
Amado pé de serra?
Agora eu pergunto:
Por que eu sonhei,
Se nunca fui um cara
De andar fora da Lei?
Mário Querino – Poeta de
Deus
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