segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

QUEM PODE EVITAR UM SONHO? E QUEM DEVE DESCREVER O SONHO?

  


 

Mário Querino 27/01/2025

Ora, sonhei que havia

Um casal muito pobre

Numa terra longínqua,

E o casal para nobre

 

Trabalhava com amor,

Sempre fazendo bem

O seu devido trabalho

Que obrigação tem

 

Para então sobreviver.

Daí o casal precisou

Da Justiça desse país

Onde lidava com amor

 

Na Fazenda dum cara

Que era muito rico

E também famoso ali

Nesse país longínquo.

 

Ora, sem dúvida, seu

Direito permitiu e daí

Esse casal entrou sim

Na Justiça, sem exigir

 

Nada de mais do cara.

Daí então o tempo vai

Se passando, por que

O tempo não é um pai

 

Que passa mão sobre

A cabeça de ninguém.

Então esse casal tinha

Um neto que também

 

Queria ser um Doutor,

E aos 15 anos de vida

Seu avô expôs pra ele

Essa questão existida

 

Na Justiça desse país.

Então o garoto falou:

“Não se inquiete meu

Querido e terno vovô,

 

Já estou no Segundo

Grau Escolar, e serei

Um bom Advogado

Para conhecer as leis

 

E os direitos que tem

O meu vovô na Terra,

Sobretudo neste bom

E amado pé de serra

 

Onde o senhor já está

Vivendo com a Família,

Trabalhando na roça

E seguindo justa trilha

 

Para ter uma vida sim,

Digna nessa Sociedade,

A qual nós já fazemos

Parte dela, na verdade.”

 

Daí o seu avô olhou

Bem para seu netinho

E disse: “Vai demorar,

Já serei um velhinho.”

 

Ora, seu netinho riu,

E depois falou assim:

“Vovô, não importa,

Mas tintim por tintim

 

Essa Justiça será feita,

Pois serei Advogado

Para fazer o melhor

Pra esse povo amado

 

Que vive neste país.”

Ora, o avô não crendo

Nas palavras do neto,

Ficou então fazendo

 

Gesto de rir, e disse:

“Deus te ilumine meu

Netinho querido!

Ouça-te o nosso Deus.”

 

Como o tempo jamais

Espera por ninguém,

Foi passando ligeiro

E o garoto indo bem

 

No Colégio, até findar 

O seu Segundo Grau.

Ora, o avô ficou feliz,

E fez uma festa legal

 

Na casa de seu filho

Para comemorar sim,

O Diploma do netinho

Que tintim por tintim

 

Estudou e já esperava

O Vestibular pra fazer

Direito. Ora, seu avô

Com fé e muito prazer

 

Começou a investir

Na Faculdade do neto.

Como o tempo voa

E leva com sucesso

 

As pessoas que lutam

Em prol do bem,

Logo, logo o garotinho

Concluiu também

 

O Curso de Advocacia.

Daí chegou ditoso sim

Até onde estava o avô

E tintim por tintim

 

Disse contente da vida:

“Agora, meu bom vovô,

Resolverei a sua causa,

Porque já sou Doutor.”

 

O avô muito satisfeito

Disse para o seu neto:

“Muito bem meu filho,

Resolva com sucesso.”

 

Quando seu Advogado

Procurou essa causa,

Que o casal há tempo

Tinha sim, engavetada

 

No Tribunal desse país,

Ficou feliz e animado,

Acessou seu processo,

Achou sim complicado,

 

Pois tudo só dependia

Do Juiz. Então, o neto

Chegou até ao avô

E disse: “Sem sucesso.

 

A sua causa depende

Do Juiz, mas eu vou

Fazer Doutorado sim,

E essa causa do vovô,

 

Eu resolverei.” Ora, já

Sem esperança o avô

Ficou, e para seu neto

Já desanimado falou:

 

“Meu amado netinho,

Eu esperei por você,

Contudo, hoje em dia,

Não tenho o que fazer

 

Para eu ser bem visto

E o Juiz fazer Justiça.”

Daí o seu neto falou:

“Há uma frase dita:

 

‘A esperança é a última

Que morre.’ Estudarei

Para melhor eu julgar

E fazer cumprir as leis.

 

Daí então, se eu como

Um bom Juiz, não ter

A capacidade de fazer

Justiça, pode esquecer

 

Dessa causa e esperar

O tempo de Deu sim,

Porque farei Justiça

Tintim por tintim.”

 

Ora, a Justiça no Orbe

Intitulado Terra, tem

Uma grande gaveta  

Que pode também

 

Arquivar os processos

O tempo que quiser.

Por isso é melhor sim,

Perder do que ter fé

 

Em algo que não traz

Nenhuma expectativa.

Ora, quando a Justiça

Quiser deixar resolvida

 

Essa causa, o cliente

Não precisa de nada,

Porque o Juiz já sabe

De tudo sobre a causa,

 

E já poderia definir,

Ganha ou já perdida,

Sem deixar a pessoa

Assim tão iludida.

 

Ora, eu não sou não,

Nenhum profissional,

Mas quando eu vou

Fazer algo é normal

 

Eu saber se sei fazer 

Ou não. Se eu não for

Capaz de fazer, deixo

Pra quem se capacitou.

 

Ora, a Justiça daquele

País era muito lenta,

Que nem a preguiça

Perdia pra ela. Tenta

 

Botar algo na Justiça

Desse país que eu

Então sonhei. Ora só

Perderá o tempo seu.

 

Pois morrerá de velho

E nada será resolvido.

Ora, procurar a Justiça

Será tempo perdido,

 

É melhor ter combina

E resolver na boa

Do que pôr na Justiça

E ficar ansioso à-toa.

 

Daí então, quando eu

Acordei-me fiquei sim,

Pensativo neste sonho.

Por que veio a mim

 

Este sonho implexo?

Se nunca precisei não,

De Advogado na Terra,

Sobretudo neste sertão

 

Titulado Bananeiras

Onde nasci, cresci

E precisei da Justiça

Só pra me torturar aqui

 

Neste vasto Planeta

Intitulado Terra,

Sobretudo no meu

Amado pé de serra? 

 

Agora eu pergunto:

Por que eu sonhei,

Se nunca fui um cara

De andar fora da Lei? 

 

Mário Querino – Poeta de Deus

 

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