Poeta - Mário Querino |
Quando eu era pequeno,
Assistia o meu tio matar
Os porcos para vender
A sua carne neste lugar.
Então o meu tio Artur,
Comprava os porcos
Em toda esta região,
Fazia um bom negócio,
Dava para remediar,
Não tinha tanto lucro,
Contudo, vivia bem.
Daí os animais brutos
Ficavam ali presos
Até vir a madrugada,
Na hora da matança
Todo mundo se acordava
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Com os gritos dos porcos.
Eu não tinha sentimento,
Até achava muito bonito
E trazia no pensamento
O bom final de semana,
Que era o melhor tempo
De meu tio Artur matar
Os porcos sem sentimento.
Daí os porcos mortos
Ficavam pendurados
Com as fortes coradas
Numa linha do telhado.
Quando amanhecia o dia,
De um por um ficava
Em cima de uma banca
E daí tio Artur os trava.
Cortava os joelhos,
Arrancava a cabeça,
Retalhava todoinho,
Por incrível que pareça,
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O porco virava toicinho.
Para o povo comprar
De quilo em quilo...
Até a feira se acabar.
Tudo isso eu assistia,
Mas não podia registrar,
Pois não tinha máquina
Para então fotografar.
Também não tinha o dom
De escrever poesia,
Mas, hoje, me lembrando
Descrevo com alegria,
Alegria por saber ler
E escrever mais ou menos,
Sentido pelas mortes
Que agora eu me lembro.
Como eu via os porcos
Sendo tratados nas bancas,
Eu ficava com muito medo,
Quando meu tio dava tantas
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Facadas no corpo do porco.
Então quando eu estudava
Minha mãe falava em banca
E eu desconfiado já ficava.
Achava que eu seria
Cortado como os porcos.
Então eu dizia assim:
Mãe, de banca eu não gosto,
O meu tio Artur faz
Dos porcos um sarapatel.
E não sou nenhum porco
Para assumir esse papel.
Para abrir a minha barriga,
Arrancar a minha cabeça,
Não, não vou não...
Que a banca me esqueça!
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Por que não me leva
Para um bom Banco?
Minha mãe perguntou:
“Por que você gosta tanto
De um bom Banco?”
Eu dizia: Lá passo o dia inteiro
Nem vou pensar em voltar,
Lá é bom, tem muito Dinheiro.
Mas banca? Não sou porco,
Pra banca eu não vou não,
Prefiro ir para a roça
Limpar milho e feijão.
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Mário Querino – Poeta de Deus
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