terça-feira, 8 de novembro de 2016

O CAFÉ DA FAMÍLIA

Poeta Mário Querino 08/11/2016


Uma senhora dizia
Que não era velha,
Produzia-se todo dia.
Indagavam: “D. Zélia,


O que fazes pra viver
Com esta juventude?”
Ela falava com prazer:
“Cuido bem da saúde,


Sempre digo aos filhos
Que não digam não:
“Velha.” Tenho brilho
E muita satisfação


Com minha juventude.”
Concordo com D. Zélia,
Pois quem tem a saúde
Não vai ficar velha,


Mas usada pelo tempo.
Virão cabelos brancos,
Rugas e pensamentos
Ao ficar nos barracos.


Um dia D. Zélia enviou
O filho para comprar
Café. Quando chegou
No mercado lá está


Sim o café do velho.
Ele foi ao balconista
Dizendo: “Eu não quero,
Porque seria injustiça.”


Disse o balconista assim:
“Por que não vais levar,
D. Zélia o acha ruim?
Ela sempre vem comprar.”
   

Ele chegou à sua casa,
Perguntou-lhe D. Zélia:
“E o café que esperava?”
Ele disse: “Tem pra velha,


A senhora diz que não é.
Eu devolvi ao balconista
O pacote de café.”
D. Zélia lamentando fica,


Mas deu razão ao filho,
Porque o café é do velho,
E dizia com um brilho:
“Ser velha eu não quero.”


O garoto fez o mesmo,
Dizendo: “Se é de velho,
Eu também não bebo
E pela velhice eu espero.


Daí comentou com fé:
“Mãe, sendo da família,
Esse gostoso café,
Todo mundo lhe partilha."


Mário Querino – Poeta de Deus

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