A vida é como caixa
De surpresa onde
A gente brinca sim,
E sempre esconde
Algo de sumo valor.
Ora, hoje, eu me vi
Num amplo espelho,
Daí parei para refletir
Esta minha imagem
E similitude de Deus.
Então, eu perguntei:
Este corpo é o meu
Ou é sim, de alguém?
Obviamente, me veio
Na cabeça tudo isso:
“Pode ser teu, e creio
Que seja, só enquanto
Tem a alma e espírito,
Porém, se fosse teu,
Tu farias um sacrifício
Pra mantê-lo vivo até
O dia determinado.
Como não és dono,
Não tens o cuidado
Para mantê-lo vivo
No planeta Terra,
Sobretudo no Distrito,
Seu bom pé de serra.
Por isso o corpo pode
Ser até seu, enquanto
Manteres a alma feliz
Com o Espírito Santo.
Ao contrário, podes
Até perdê-lo, por usar
Algo que lhe destrua
Antes do dia de voltar
Ao mais esperado pó.
Então, esse corpo não
É seu, passa sim, um
Tempo sobre o Chão.”
Daí ao sair da frente
Da luz do espelho,
Apreciei os montes,
E os olhos vermelhos
De chorar por sentir
Que vim à Terra,
Sobretudo ao Distrito,
Meu bom pé de serra
Onde eu nasci cresci
E vivo com D. Marisa,
Obviamente ditoso,
Mas ajuizando a vida,
Senão, nada medrará,
Ter um corpo assim,
Tão cheio de orgulho,
E logo chegar ao fim
Sem ter um proveito.
Agora, eu de cabeça
Baixa, já inquiro sim:
Na face deste planeta
Intitulado Terra, tem
Corpo humano melhor
Do que o meu corpo,
Para que não vire pó?
Então, na minha ideia,
Se queres no Planeta
Ser melhor do que eu,
Não passa de besta.
Pois, se eu vou voltar
A ser pó de novo,
Tu também vais sim,
Ser diante deste povo
Que continuará vivo
Até chegar o tempo,
De usufruir também
Dum sepultamento.
E não adianta chorar,
Queira o não queira,
Eu sendo vivo, verei
Aqui em Bananeiras,
Teu corpo morto sim,
Não tem escapatória,
E se duvidares eu vou
Delinear tua história,
Claro, poeticamente.
Então, ao olhar eu
Num amplo espelho,
Vi a imagem de Deus,
Obviamente vi ainda
A semelhança sim.
Vejo também que tu
És idêntico a mim.
Então, não queiras
Ser nenhum pouco
Melhor do que eu,
Ainda eu sendo louco.
Mário Querino – Poeta de
Deus
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