Há trinta e cinco anos
Campeavam pelo vale
Fértil de Bananeiras.
Que todo mundo fale
Deste cantinho baiano
Encravado no final
Da Chapada Diamantina.
Trilha cheia de canavial,
Riacho em corredeiras,
Os animais ali pisando
Macio no fértil chão,
Deste cantinho baiano.
De repente o menino
Emparelha seu animal
Junto ao do pai, e diz:
“Um dia irei à Capital.”
O pai olha para o garoto
E sabe bem que sim,
Um dia ele irá embora.
Jamais ficaria até ao fim
Sem conhecer o mundo,
E tem sede de saber.
De repente o pai estaca
Seu cavalo com prazer.
Desce com tranquilidade
Entre troncos caídos,
E cerca de arame farpado,
Reaperta a sela sentido
No lombo do bom animal
E diz: “Na sua idade
Eu também pesava assim
Na pequena comunidade.”
O garoto já ia completar
No mês seguinte 12 anos,
Ele desce da montaria,
Seu pai tudo observando.
Defronte ao olhar do pai,
Segura nas rédeas o cavalo
Que já estava impaciente,
Comenta sobre algo raro:
“Meu pai vou ser escritor.”
Afirma com naturalidade
Como se fosse a mais fácil
Profissão e pela sua idade
Pensa sobre algo bom.
O pai também confidencia:
“Aos 18 anos eu também
Pelo mundo já percorria.”
Seu pai com um sorriso
Perguntou com prazer:
“Muito bem meu filho,
Vai escrever o quê?”
O menino pensou muito
Para achar a resposta.
Mas sentia que seu pai
Aprovaria, pois a porta
Já estava se abrindo.
Então respondeu assim:
“Eu não sei o quê ainda.
Mas pode ser sobre mim.”
Três décadas depois
Aquele garoto vem extraindo
De sua memória infantil
Fatos para ficar redigindo.
Sobretudo, o rio, a montanha,
A igreja e o velho casarão
Do avô paterno. E buscando
Fazer a sua boa composição.
O menino, já com os cabelos
Ficando grisalhos se lembra
Até hoje da primeira história
Que leu na vida. Entenda
Que Deus nos dá os dons,
Mas precisa pôr em prática.
Na verdade o menino
Cresceu cheio desta graça.
Depois disso, esse menino
Sente sua memória cochilar.
Logo desperta como Escritor
Roniwalter Jatobá.
(Inspirada na obra de
Roniwalter Jatobá)
Mário Querino – Poeta de Deus
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