Eram dois compadres,
Um pobre e outro rico.
Os filhos do pobre eram
Analfabetos, e Perito,
Médico, Bacharel e sim,
Professora, os do rico,
E foram visitar o pobre
Que morava num sítio.
Ora, daí conversa vem
E conversa vai sim,
A ponto de um inquirir:
“Cara, assina pra mim?”
O compadre rico falou
Para o seu filho Médico:
“Filho, ele não estudou,
Todos são analfabetos.”
Daí o compadre pobre
Confirmou: “De fato,
Meus filhos são sim
Analfabetos, sou fraco
E não pude dar estudo
Pra nenhum deles não.
Por isso eles não sabem
Ler aqui neste sertão.”
Então o jovem Médico
Falou: “Ora, fácil não é,
Ser um cara formado,
Principalmente num pé
De serra aonde tudo
É difícil, nem Escola
Tem, imagina Professor
Para ensinar nas horas
Em que tem um tempo,
Mas tudo bem, valeu,
Quem sabe, esses filhos
E sobrinhos seus,
Consigam pelo menos
Aprender fazer o nome,
Porque é muito triste
Pra vida de um homem
Que não sabe ler nada.”
Daí o jovem Médico
Foi à cidade e levou
Seu amigo analfabeto,
Que somente assinava
Usando um dos dedos.
E ao chegar no Banco,
O Médico sem segredo
Fazia tudo ao lado dele,
Pois ele era analfabeto,
Mas o amigo observava
Tudo ao lado do Médico
Aonde eles chegavam.
Daí por uma intimidade
Ele inquiriu ao Médico,
Por uma curiosidade:
“Dr. Fulano, por que
O senhor só usa o dedo
Quando carece assinar?
Podes falar o segredo?”
O Médico amigo falou:
“Porque na Era Digital,
A gente não necessita
De mais caneta, o ideal
Atualmente é o dedo,
Aproveitando o gancho,
Da conversa e o tempo
Neste admirável canto,
Já vou fazer também
Uma precisa pergunta:
Fez exame de próstata?”
O amigo para e assunta,
Depois pergunta assim
Ao jovem Médico e rico:
“Exame de próstata?
Podes dizer o que é isso?
Eu nunca ouvi falar não,
Sobre isso, ó amigo.”
O jovem Médico sorrir
E disse: “Claro, que digo,
O que é e ainda como é
Feito numa pessoa,
É óbvio, nos homens,
É sim uma análise boa.”
Seu amigo analfabeto
Quis saber o segredo,
O jovem Médico disse.
Então, ele viu o dedo,
Arregalou os olhos
E perguntou: “Tudo
Que o senhor faz é
Com o dedo? Estudo
É esse que o senhor
Fez, faz e fará aqui
No planeta Terra,
Onde eu não aprendi
A ler nem a escrever,
E somente uso o dedo
Quando eu vou assinar,
Conte a mim o segredo
Porque sou analfabeto
E o senhor usa mais
O dedo do que eu sim,
O Senhor Deus é Pai,
Antes só quem usava
Dedo, era analfabeto,
Agora são os doutores,
Sobretudo os médicos.
Então, agora, sou o tal,
Mais do que médicos,
Por isso já vivo ditoso
Por ser um analfabeto.
Mário Querino – Poeta de Deus
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