Alguém inquiriu sim:
“Gostas de dinheiro?”
O que objetar, ó cara,
Ao meu companheiro
Que já inquiriu assim?
Ora, somente isso:
Nunca amei dinheiro,
Aqui no meu Distrito.
Alguém inquiriu sim,
Outra vez: “És louco,
Para não gostar não,
Nenhum pouco?”
Ora, tenho motivos
Para não gostar não,
Nenhum pouco dele,
Ó meu bom irmão.
Pois dinheiro nunca
Gostou de mim não,
Já fiz de tudo para
Tê-lo no meu sertão,
Porém, ele só me faz
Raiva quando chega
Triste em meu bolso,
Pois logo ele almeja
Se sair de mim, e eu
Sem valor aqui fico.
Então, nunca gostei
Não, dele no Distrito
De Bananeiras, onde
Eu nasci, cresci e vivo
Só tendo raiva dele,
Porque ele dá motivo.
Ora, quando pego 10
Reais, me alegro sim,
Mas ele bate a língua
Nos dentes só a fim
De D. Marisa saber
Que eu valho 10 reais,
Pra ela me perguntar:
“Amor, você é capaz
De me dar dinheiro?”
Quando inquiro: quer
Quanto hoje, ó bem,
Minha terna Mulher?
Daí ela diz: “Só quero
10 reais, meu amor.”
Daí eu fico rezingando:
O dinheiro já fofocou
Para a minha Mulher!
Como ela sabia que eu
Só tinha estes 10 reais
No bolso? Meu Deus,
Que cara fofoqueiro...
Tira o valor do Homem
E dar sim pra Mulher,
Pra ela ter mais nome
E querer mandar sim
No Mundo, como diz
Um Padre Cantor,
Na sua canção feliz:
“Quem vai mandar
No Mundo é a Mulher.”
Tem razão de cantar,
Porque na verdade é.
Agora, D. Marisa vale
10 reais, e eu 1 vintém,
Não valho, por que
A gente vale o que tem,
Assim um senhor disse
Para mim um tempo
Atrás. Por isso eu não
Gosto desse elemento,
Que me chega alegre,
E quando vê a mulher
Vai fofocar que está
Comigo, e logo quer
Sair sim, do meu bolso.
E não sou mais besta
Para amar dinheiro,
E ficar neste Planeta
Fazendo as besteiras
Que ele já ilude para
A gente fazer ciente
Que um dia se depara
Com a Justiça de Deus,
Dos homens e da vida
Que também lança
As mais tristes feridas.
Eu também aprendi
Com um Cantor, isto
Que eu vou citar sim
Neste meu Distrito:
“Só vou gostar de quem
Gosta de mim.” Então,
D. Marisa vale sim, 10
E eu nem 1 tostão.
Porque o valor que eu
Tinha, já saiu do bolso
E ficou com a Mulher.
Isso me deixa louco
Ó cara! Como posso
Amar esse dinheiro,
Só me deixa liso aqui
Meu tempo inteiro?
O Cantor tem razão,
De falar: “Só vou gostar
De quem gosta de mim.”
E por ser neste lugar
Um pobre, o dinheiro,
Às vezes quer me usar
Como laranja sim,
Assim, pra mim não dá.
Quem sabe, comece
A me iludir, e depois
Eu me apaixone sim,
E com o tempo já foi
A minha Liberdade.
Então, quem quiser
Gostar de mim goste,
Mas hoje, é da Mulher
O maior valor aqui
No Planeta Terra,
Sobretudo no meu
Amado pé de serra
Titulado Bananeiras,
Onde eu nasci, cresci
E nunca eu amei não,
Esse dinheiro aqui.
Alguém quis me amar,
Achando que eu era
O cara do dinheiro
No meu pé de serra.
Mas como o dinheiro
É fofoqueiro até
Onde não ideamos,
Foi dizer pra Mulher
Que eu era liso, e meu
Valor era de 1 vintém,
Ou não valia 1 tostão,
Fiquei sem ninguém.
Mas Deus olhou sim,
Para este moço liso,
E disse: “Ó cara eu
Vou te dar o Paraíso
Antes de ir pro Céu,
Se não vales nada,
Tua Mulher valerá 10
E será na tua casa
A Companheira ideal,
Que o dinheiro não vai
Poder pagar seu valor,
Pois será cara demais,
E somente eu posso
Comprar e te oferecer
De todo o coração,
Para amar, amar você.”
Ora, D. Marisa já tem
Valor de 10, e eu só
Tenho o amor sincero
Pra lhe dá, é o melhor.
Por isso eu não amo
O dinheiro, pois ele é
Muito fofoqueiro, diz
Sim, tudo pra Mulher.
Mário Querino – Poeta de Deus
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