Às vezes eu penso sim,
Que tenho um coração
De pedra no meu corpo
Que vive sobre o Chão,
Sobretudo no Distrito
De Bananeiras, onde eu
Reflito bem e acho que
Eu sou Homem de Deus.
Ora, por isso às vezes já
Acho que é de pedra
Sim o meu coração,
E meu espírito entrega
Todo o meu proposto
Sim nos casos naturais
Que não dá para evitar,
Pois ninguém é capaz
De se sair do perigo.
Ora, desde Adão e Eva,
As coisas começaram
A incidir. Sei, carrega
O meu coração isso:
“Nada vem por acaso,
Tudo advirá na vida,
Nada é não, aceitado.
E eu como Pedreiro,
Carpinteiro Armador,
Encanador, Eletricista,
Servente, Pintor
E tudo mais sim aqui,
Sofrer um acidente,
A ponto de eu morrer,
Eu peço a esta gente
Que não invente não,
Nenhuma confusão
Por minha causa aqui
Sobre a face do Chão
Onde eu nasci, cresci
Fazendo o melhor.
Se eu morrer na lida,
Será de morte pior?
Vão trazer de volta
A minha vida? Não.
Então, deixem os vivos
Fora dessa confusão.
Porque já voltou sim,
Meu corpo ao pó,
Minha alma e espírito
Para um lugar melhor,
Mas esse velho corpo
Para nada eu quero.
Por isso com ledice,
Para os vivos espero
A continuidade aqui
No Planeta Terra.
Mormente no meu
Amado pé de serra
Titulado Bananeiras.
Pois eu não acho
Que isso seja lícito,
Alguém ter espaço
E viver condenado,
Só por que eu morri
Por sofrer acidente
De trabalho aqui
Ou numa excursão
Que eu tentei fazer,
E fui sim acidentado
Sem o Guia querer.
Agora eu pergunto:
Se prender o patrão
Ou o meu Motorista,
Me tirarão do caixão?
Ora, da minha parte,
Quando eu morrer
Não ponham a culpa,
Nos vivos. Por que
Já sou cônscio sim,
Que nada vem não,
Por acaso, e ciente
Estou sobre o Chão,
Que a Morte é uma
Só, e vem de forma
Diferente para todos,
Com suas normas.
Ora, tiro o chapéu
Para quem fugir dela,
No dia em que for
Se deparar com ela.
Ora, quem ficar vivo
Vá usufruir sua vida
Com regozijo e gosto,
Pois a minha partida
Foi num bom tempo,
Desocupei o espaço
E deixei para outro
Preciso, assim, acho.
Por isso eu acho sim,
Que tenho o coração
De pedra neste corpo
Sobre a face do Chão,
Onde já vivi 61 anos
Entre torturas e dores.
Por isso eu já peço
A todos os senhores
Que, quando me vier
A Morte, reine paz
Entre vivos, ajudem
Se forem capazes,
Porque meu corpo,
A minha alma
E o meu espírito,
Não querem nada.
E se alguém quiser
Me auxiliar, faça
Sim a sua boa ação
Com alegria e graça
Enquanto sou vivo,
Que eu possa sim,
Agradecer em nome
De Jesus. E no fim
Deste labor, eu não
Precisarei de mais
Ajuda de ninguém,
Apenas de Deus Pai.
Ora, quer me dar
Bom-dia? Dê agora,
Enquanto eu ouço
E rebato com glória.
Se quer me dar um
Presente, sua ação
Seja enquanto vivo,
Para eu de coração
Agradecer. Quando
Eu morrer, não tem
Mais como eu fruir
Da dádiva também.
Ora, enquanto meu
Velho corpo viver,
Deixo o povo ditoso,
Mas quando morrer,
Terão medo de mim.
Então, o corpo só
Vale alguma coisa
Ou se acha o melhor,
Enquanto ele estiver
Vivo sobre este Chão.
Ora, a vida é como
Vela sem a proteção,
Quando vem vento
Lhe apaga sem dó.
Então, se conformar
Na Morte... É melhor.
Pois ninguém dará
Jeito para o morto
Regressar a sua vida,
Então que os outros
Fiquem em paz sem
Condenar ninguém.
Pois se dessem jeito
Não iriam também
Morrer, deixando
Tudo que arranjou
Com batalha e suor
Ou com árduo labor.
Enquanto a alma
E espíritos já têm
Outro destino,
Gente sempre vem
Pondo essa culpa
Em patrão e em
Motorista que sofre
Acidentes também.
Mas nunca vai não,
Ficar fora da Morte.
Por isso seja sábio,
E entenda sua Sorte.
Ninguém morre não,
Por acaso. Ora, viva
Sem arguir outros,
Porque nossas vidas
É como vela exposta
Ao vento, basta ter
Uma facilidade, já foi,
Nada podemos fazer.
Por isso eu já acho
Que já tem coração
De pedra em mim,
Sobre a face do Chão.
Quem ler este texto
Poético, terá gosto,
E vai comentar sim,
Que sou um louco
E existe um coração
De pedra em mim.
Mas eis aí o motivo:
Tintim por tintim
Já me torturaram,
Já vivi na rua sem
Comer, sem teto,
E descalço também.
Agora, já reconheço
Que a minha vida
Tem amor de Deus
E ainda de D. Marisa.
Portanto, a Morte
Não me faz acusar
O meu patrão não,
Nem quem viajar
Comigo pela Terra
Afora. Ora, quem for
Bom, se livre sim
Da Morte. Aí eu vou
Tirar o chapéu para
Esse ou essa que faz
Acusações quando
Alguém volta ao Pai
Que dá alma vivente
Ou o fôlego de vida.
Eu Já pedi por amor
A Mulher, D. Marisa,
Se caso, eu regressar
Primeiro ao Pó,
Que toque Roberto,
Carlos, alguns forrós
Bartô Galeno, ora,
‘Vai de uma vez..’
Porque eu vou sim,
Ficar com meus pais.
Contudo, eu não
Tenho não, pressa,
Pois ainda eu quero
Ser um velho Poeta.
Neste vasto Planeta
Intitulado Terra,
Sobretudo no meu
Querido pé de serra
Titulado Bananeiras,
Onde eu nasci, cresci
E já entendo que
Nada nos vem atingir
Sem nenhuma causa.
Também acho lindas
As músicas da Cantora
E Pregadora Mara Lima,
Pode tocar no meu
Velório sem recear,
Porque se aqui sou
Ditoso, imagina lá...”
Mário Querino - Poeta deDeus
“Não se preocupe com o amanhã, faça o bem hoje” (São Pio de Pietrelcina)
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