quinta-feira, 30 de junho de 2011

ELE VAI TER ESSE PRIVILÉGIO


Poeta - Mário Querino
Hoje eu quero falar
Um pouco de mim,
Não sei se devo começar
No principio ou no fim.

Porém, é melhor buscar
O meu passado,
E então rabiscar
Com muito cuidado.

Quando eu tinha 7 anos,
Ainda eu muito criança,
Vivia neste cantinho baiano
Cheio de esperança.

Então minha mãe comprou
Um livro chamado ABC,
E numa escola me matriculou
Para eu aprender a ler

E a escrever também.
Foi uma grande emoção
Como ninguém
Já sentiu no coração.

No primeiro mês
Aprendi o Alfabeto,
Obviamente eu ganhei
De Deus este mérito.

Então fui crescendo
Na escola e na roça,
Meu pai foi percebendo
As minhas mãos grossas.

Quando cheguei aos 10 anos,
Eu estava bem desenvolvido,
Apesar de não ter planos
Já trazia no sentido

De ser um bom Doutor,
E assim continuei
Pedindo ao Senhor
Tudo que eu desejei.

Aos 14 anos de idade,
Minha Professora Hilda
Mudou-se para a cidade
E me deu uma chance na vida.

Ela falou com o meu pai
Pra colocar-me num colégio.
Então ele respondeu: “Ele vai
Ter esse privilégio!”

E assim tudo deu certo,
Eu fui para a cidade,
Não era tão perto,
Mas tinha a oportunidade

De voltar à minha casa
Todo o final de semana,
Sentia uma saudade danada
Mas pensava na fama

Que tem um Doutor.
E assim passei 4 anos
Pensando em curso superior
Neste cantinho baiano.

Quando completei 18 anos,
Fui para São Paulo,
Deixei meu cantinho baiano
E fui encher as mãos de calos

Trabalhando em construção,
Cavando valeta,
Empurrando carrinho de mão,
Esquecendo-se da caneta.

Como não consegui nada
Em terra estrangeira,
Voltei para casa
Em minha Bananeiras.

Passei um tempo agoniado
E fui para Salvador,
Novamente deixei meu Povoado
A fim de ser um Doutor.

Mas em Salvador não deu certo,
Voltei de novo para casa
E fiquei inquieto
Sem fazer quase nada.

Um dia me desesperei
E fugi para São Paulo,
Fui preso e apanhei
E com a solidão me deparo.

Quando saí da prisão
Fiquei perambulando nas ruas
E quando chegou a escuridão
Iluminou-me a lua.

No dia seguinte eu saí
Pelas ruas atordoado,
Entrei numa casa e vi
O meu amigo Everaldo.

Lá fui bem recebido,
Ganhei roupa e calçado,
Lembrei-me do filho perdido
Que Jesus tinha falado.

Passei um tempo por lá,
Depois voltei para Bananeiras,
Meu querido lugar
Que amarei a vida inteira.

Quando completei 26 anos,
Arranjei um casamento
Neste cantinho baiano,
Para o meu contentamento.

Então perdi a esperança
De ser um Doutor,
Às vezes trazia na lembrança
Mesmo sendo um lavrador.

Depois que ganhei 2 filhos,
Arrumei um trabalho
Que foi um grande brilho
E quebrou meu galho.

Foi um passo na minha vida
E renasceu a minha esperança,
Que ainda está mantida
Com fé, amor e confiança.

Então voltei a estudar
E fiz o curso de Magistério,
Agora penso em continuar
E alcançar o que eu quero.

Hoje me sinto muito feliz
E cheio de alegria,
Não levo em conta o que fiz
No tempo de minha agonia.

Mário Querino – Poeta de Deus

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