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| Poeta Mário Querino 09/02/2019 |
Eu vesti um terno sim,
E claro, me achei o tal.
Outro elegante não há
Neste lugarejo especial.
Pus um bom perfume,
Quer dizer, na condição.
Claro, o Boticário é sim,
O melhor neste sertão.
Como eu já me achava
Chique e tão elegante
Dentro do meu terno,
Deus fez num instante
Eu sentir dor na barriga,
Que corri ao banheiro.
Daí eu fiquei sentado
No vaso o tempo inteiro.
Quando eu me levantei,
Senti um grande fedor,
Olhei bem para o vaso
E disse: Claro, nada sou!
Olha o que tinha dentro
De mim, só podridão!
Estou sim, tão elegante
E cheiroso neste sertão,
Mas por dentro podre.
Como posso ser santo,
Com esta sujeira e fedor
Pelos quatro cantos
Da casa? Então, pra que
Este terno especial,
Se por dentro sou podre?
Pra que embair o pessoal
Com aparência externa?
Não posso ser melhor
Do que os outros não,
Que estão ao meu redor.
Não seria melhor eu ser
Sujo por fora e purificado
Por dentro? Pois só sairia
Algo bom e bem pensado.
Seria melhor eu espargir
Um fedor para o Diabo
Não me abraçar e querer
Me fascinar com algo
Que só vai me prejudicar
E escandalizar amigos.
Então ao ver a podridão
Que eu tinha escondido
Dentro de mim, fiquei
Pensando: Deus, quero
Ser elegante e o melhor,
Mas comento sincero,
Não pensava no que vejo
Dentro deste bom vaso,
Não pensava nesse papel
Tão alvo e perfumado,
E ficar sujo e fedorento.
Não seria melhor mais
Simples e mais barato?
Por que esperdiçar reais?
Quem sou eu por fora?
Claro, sou um Teólogo
Dentro dum terno preto
Ansiando ser visto logo.
Quem sou eu por dentro?
Ora, liberador de sujeira
Seguida de grande fedor.
Então aqui em Bananeiras,
Quero viver como varão,
Simples e reconhecendo
Que por fora sou visto,
Mas por dentro já vendo
Que só tenho podridão
E fedor para incomodar
A quem vive ao redor.
Queria por fora me sujar,
Porém, exalar um cheiro
Agradável de dentro sim.
Quem tiver essa ideia,
Dê glória a Deus por mim.
Mário Querino – Poeta de Deu
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