quinta-feira, 30 de julho de 2020

CANÇÃO DO APRISIONADO SEM COMETER DELITOS



 

Agora escreverei sim,

Uma canção de amor,

Amor que vive longe

Dos meus olhos e calor

 

Do meu corpo preso

Numa casa sem o sol,

Sem lua e sem estrelas,

Somente vivo em prol

 

Da Marisa, que está

Comigo, porém, longe

De tudo e de todos,

Num espaço grande.

 

Então, canto assim

Nesta quinta-feira,

Neste pé de serra

Titulado Bananeiras:

 

Eu estou aprisionado,

Sem cometer delitos,

Já não ando nas ruas

Deste amado Distrito.

 

Não posso ver a Lagoa

De Santa Efigênia, nem

A Chácara Santa Maria,

Não posso ver também

 

Tantas coisas boas

Que tem Bananeiras,

E fico preso nesta

Casa uma vida inteira.

 

Tenho direito de ver

O clarão do sol sim,

Vejo o brilho da lua

Por brechas ruins.

 

Nem todo mundo

Tenho direito de ver.

Se a pandemia seguir,

De fato, vou morrer.

 

Pois não vim à Terra

Para ser aprisionado,

Já quero a liberdade

Que tinha no passado.

 

Esta vida não é vida,

Para um apaixonado.

Não vale ter a Marisa

E viver separados.

 

Mas é bom, para dar

Valor a liberdade.

Essa dor que eu sinto

Me tira a vontade

 

De viver no mundo.

Amar e ser amado

É o prazer que tem

Um cara apaixonado.

 

Não cometi delitos

E estou assim preso,

Isso não é justo não,

Mas sofrer eu devo,

 

Para valorizar a paz,

O amor e felicidade

No meu pé de serra,

Onde tive liberdade.

 

Agora, eu vou parar

De cantar esta canção,

Pro Covid-19 não ferir

Mais ainda meu pulmão.

 

Mário Querino – Poeta de Deus  

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