Poeta Mário Querino 24/07/2020 |
Quando eu recebi Lei
Preceituando para eu
Ficar preso em casa,
Icei o olhar para Deus,
E falei sim: O que será
De mim, passar a vida
Sim, nesta casa com
A minha Varoa Marisa?
Pois quando a gente
Fica lá no trabalho,
Na rua ou dormindo,
A vivência, o atalho,
E tempo se encaixam,
A gente evita conflito
Entre essa vida a dois.
Mãe Gildete dizia isso:
“Quer avaliar alguém?
Coma sim, sal juntos.”
Por isso fiquei assim,
Cogitando no assunto.
E obviamente, passei
Uns dias embirrado
Sim ao lado de Marisa,
Por ser inconformado
Com vida aprisionada.
Quem ama procura
Todos os recursos sim,
Para afagar a ternura.
Daí eu fui entendendo
Que a coisa melhor
Para ficar feliz ao lado
Da Varoa que vivia só
Dentro de uma casa,
Como se fosse presa,
Era ficar consigo sim.
O amor traz surpresa,
A ponto de inspirar
Um poeta sertanejo,
E como sendo Poeta,
Descrevo com almejo
A minha poesia sobre
A vida de prisioneiro,
Ao lado duma Mulher
Que fica o dia inteiro
Com o cara contumaz
Por passar a sua vida
Numa casa, prisioneiro
Ao lado de Marisa.
Mas tudo bem, foi sim
Grande engano meu,
A coisa anda segundo
À vontade de Deus.
Agora, depois de uns
Dias que já vivo preso,
Digo, na quarentena,
Já descobri o segredo:
Quem não prestava
Era eu próprio na vida
Íntima, e não a minha
Companheira Marisa.
Agora, já reconhecido
Que eu não era gente
Que merecesse algo,
Já vivo bem contente,
Ao lado desta Varoa
Amorosa e querida.
Por isso não quero ir,
Ficarei com a Marisa.
Ora, assim, já fecho
O meu ditoso Diário,
Na singela casa onde
Ficam Marisa e Mário.
Mário Querino – Poeta de Deus
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