Mário Querino 18/07/2020 |
Alguém perguntou:
“O que vais querer ser
Quando fores velho
E nada poder fazer?”
O que objetar agora?
Claro, vou querer ser
Um jovem ativo
Para eu então fazer
Tudo que eu não fiz
Nem posso fazer mais,
Se eu não voltar a ser
Jovem, ficarei em paz
Sentado lá debaixo
De uma mangueira,
E ficarei contando
Caso a manhã inteira
Aos insetos, répteis,
Aves, vegetais e ainda
Para os animais, pois
São criaturas divinas.
Daí alguém indagou:
“E o senhor não vai
Contar para gente?”
Ora, o que sou capaz
De responder agora?
Será que terá gente
Nesse tempo a ouvir
Um velho sem dentes,
Sem enxergar bem,
Sem ouvir gargalhada,
Sem cheirar mocidade
E com voz já cansada?
Se no momento eu já
Sinto uma dificuldade
Ao contar meus casos,
Imagina, nessa idade!
Quando eu for velho,
Não vou querer ser
Jovem, será loucura,
Se por acaso querer.
Porém, eu já antecipo
Sim, meu pensamento
Pra saber o que serei
Ao chegar esse tempo.
Quando eu já chegar
A velhice, olharei sim
Pro Céu ou para cima,
E direi: Deus, é o fim
Desta minha peleja,
Já quero descansar
Em paz com o Senhor,
Que possam sepultar
No Cemitério da Paz
O meu velho corpo,
Quando a alma sair
E ele ficar sim, morto
Para regressar ao pó,
Porque do pó ele veio,
E precisa voltar sim,
Eu já espero e creio
Que seja no Cemitério
Da Paz, no Distrito
De Bananeiras, meu
Pé de serra, onde
fico.
Que nessa hora não
Esteja alto na terra
O mato do Cemitério
Do meu pé de serra.
Porque não quero ser
Sepultado em matagal,
E sim, num Cemitério
Limpo pelo pessoal.
Mário Querino – Poeta de Deus
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