Não queria regressar
Ao meu passado,
Mas sempre está
Tudo ao meu lado,
Ainda que eu faça
O que São Paulo
Disse, minha graça
Para todos eu falo:
“Esquecendo-me
Das coisas que para
Trás ficam e avançando
Para as que diante
De mim estão, prossigo
Para o alvo, para
O prêmio da soberana
Vocação de Deus
Em Cristo Jesus.” Mas
Como eu poderei
Me esquecer do meu
Passado, eu amei
E sinto saudade sim
Das coisas que a vida
Me ofereceu na boa,
E somente D. Marisa
Realizou os sonhos
Que tive no passado?
Ora, esquecer a vida
Que deixou baleado
Um cara romântico,
Apaixonado e sensível,
Francamente, eu
Até acho impossível,
Porém, a minha mãe
Dizia: “O pão comido
É esquecido.” E como
Esquecer, se fui ferido
No corpo, na alma,
No espírito e coração?
Esquecer, eu acho
Até impossível, não
Esquecerei neste Orbe
Intitulado Terra,
Sobretudo no meu
Amado pé de serra
Titulado Bananeiras,
Onde eu nasci, cresci
E não me esquecerei
De nada que sofri
A procura do amor
Que o meu coração
Se identificasse aqui
No meu bom sertão.
Por isso as pancadas
Que o corpo ganhou,
A alma sentiu calada
E o espírito gritou:
“Só vou com Deus!”
Meu coração não vai
Se esquecer e deixar
Quieto, se deixar sai
Do sentido, e tudo
Voltará novamente.
Seria bom me lançar
Sem isso na mente,
Mas se isso incidir,
Votarei ao ambiente
Que um dia apanhei
E fiquei um demente,
Então, quem apanha
Duas vezes no mesmo
Beco, é besta, e por
Ser louco, tenho medo
De sofrer duas vezes
No mesmo espaço.
Então, se lembrar é
O melhor que eu faço.
Porque enquanto eu
Estiver me lembrando,
Jamais deixarei este
Meu cantinho baiano
Aventurando coisas
Que eu nunca na vida
Vou encontrar não,
Longe de D. Marisa.
Mesmo que a alma
E o espírito queiram ir,
Meu corpo e coração
Ficarão sim, por aqui.
Pois longe da Mulher
Que cuida desse cara,
Romântico, apaixonado
E terno, está na cara,
Vou comer o pão que
O Diabo amassa sim,
Pois pássaro que voa
Longe do ninho, o fim
Pode ser muito triste.
Ora, é melhor o prato
De verdura com amor
Do que o bom churrasco
Onde há ira ou rancor.
Então, querer voltar
Ao passado é ser sim,
Besta ou não lembrar
De tudo que já passou.
Por isso eu não sou
Capaz de obedecer
O que São Paulo falou,
Eu vou trazer as coisas
Do passado na mente,
Para sentir aquela dor
E não ir novamente.
Mário Querino – Poeta de
Deus
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