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Quando saí do colégio,
Fui à casa de minha titia
Que me dava privilégio
De guardar a bicicleta todo dia.
Então peguei minha bicicleta
E tomei o meu destino,
Como tenho dom de poeta,
Até mesmo falando eu rimo.
Quando seguia o meu caminho
De longe avistei um cão,
Quando me aproximei vi magrinho,
Deitado ali no chão.
Fui parando e ele olhou assim!
Depois se levantou.
Fiquei pensando em mim
E no tempo que já passou.
Mas não era um cão, era uma cadela.
Então segui o meu caminho
Pensando na situação dela,
Sem mãe e sem filhinhos.
No coração de uma mamãe
Encontramos o amor,
Mas num filho sem mãe
Encontramos a dor.
Recordei o meu passado
E era pior a minha situação,
Pois ela tinha destino planejado
E eu não tinha não.
Em casa cheguei e entrei no quarto,
Pus a bicicleta no cantinho,
Na parede um velho retrato
Do tempo que eu era mocinho.
Peguei a saboneteira com sabão
E fui tomar um banhinho
Naquele mesmo ribeirão
Que conheço desde molequinho.
Numa casa tinha um cão amarrado
Bem lá no fundo do quintal,
Eu também já fui algemado
Sem fazer nenhum mal.
Na frente um sapo estava chutado,
Quando vi de tristeza chorei,
Porque eu também já fui pisado
Pelos homens da Lei.
Quando entrei em casa,
Uma gaiola no teto pendurada,
Olhando pra ela pensava,
Mas não dizia nada.
E na gaiola tinha um alçapão,
Armadilha bem inteligente,
Eu também fazia desta armação
Para prender os pássaros inocentes.
Então busquei uma sabedoria
No fundo do meu coração
E descobri que tudo que eu fazia
Era para a minha condenação.
Não tinha sentimento meu coração,
Eu achava bonito eles presos contentes,
Agora já sei a dor de uma prisão,
E a dor maior é para um inocente.
Fui à casa de um vizinho
E fiquei muito chateado,
Quando vi aquele velhinho
Num quarto abandonado.
Eu já me vi nesta situação
E a minha era mais amargurada,
Porque ele dormia num colchão
E eu me deitava nas calçadas.
Ouvi na rua uma reclamação
De quem tinha pouco dinheiro,
Bem menor era a minha condição
Que não tinha nenhum Cruzeiro.
Só tinha a graça de Deus
E o dom de escrever história,
Isso comigo aconteceu
E sempre trarei na memória.
Vou contar para meus filhinhos
Tudo isso que eu passei.
Hoje, em forma de versinhos
Esta história eu contei.
Mário Querino – Poeta de Deus
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