Quando eu era adolescente,
meu avô Ramalho Querino (Seu Oiô), possuía um sítio grande e muito bom, nele se
encontrava bananeiras, cana e uma boa pastagem. Também no sítio havia um bom
engenho, o qual meu pai Antônio Pereira tomava de conta e moía cana a sema
inteira para fazer rapadura que era vendida na cidade de Senhor do Bonfim.
Como meu pai morava no Distrito
de Bananeiras, na Praça da Igreja, todo dia quando eu saía da Escola e
almoçava, eu ia para o engenho carregar lenha para queimar na fornalha. Então eu
subia a ladeira do Cemitério da Paz debaixo de sol quente ou chuva para no horário
certo eu chegar no engenho.
Era um trabalho pesado, carregava
a lenha suja de carvão, às vezes ia buscar água no riacho, buscava cana na roça
com 2 ou 3 jegues, carregava também olho da cana e jogava no palheiro para os
bois que puxavam o carro e trabalhavam o dia inteiro no engenho. De fato, era
um trabalho árduo, contudo, era muito divertido. Ainda me lembro do meu avô Oiô
Querino, que era um senhor muito considerado no Distrito de Bananeiras, a ponto
de ser o Delegado. Seu Oiô não passava mão pela cabeça nem de seus próprios
filhos, ele gostava de fazer justiça. Por isso ele era muito respeitado e todo
mundo gostava dele.
Quando Seu Oiô chegava no
sítio e se aproximava dos trabalhadores, todos tinham que parar o trabalho e
ficar lhe ouvindo. Muitos trabalhadores já gostavam quando Seu Oiô chegava,
para ficar parado sem fazer nada, somente ouvindo a conversa do patrão que era
muito bom quando estava de bom humor. Mas quando Seu Oiô chegava perto dos
trabalhadores e não dava nenhum bom-dia, todos ficavam pensando: “Hoje Seu Oiô
não está a fim de conversa.” Então todos continuavam trabalhando sem conversar.
Mário Antônio Querino da
Silva – Escritor de Cristo
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