quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

O TEMPO PASSA E AS LEMBRANÇAS FICAM NA MEMÓRIA

Quando eu era adolescente, meu avô Ramalho Querino (Seu Oiô), possuía um sítio grande e muito bom, nele se encontrava bananeiras, cana e uma boa pastagem. Também no sítio havia um bom engenho, o qual meu pai Antônio Pereira tomava de conta e moía cana a sema inteira para fazer rapadura que era vendida na cidade de Senhor do Bonfim.
Como meu pai morava no Distrito de Bananeiras, na Praça da Igreja, todo dia quando eu saía da Escola e almoçava, eu ia para o engenho carregar lenha para queimar na fornalha. Então eu subia a ladeira do Cemitério da Paz debaixo de sol quente ou chuva para no horário certo eu chegar no engenho.
Era um trabalho pesado, carregava a lenha suja de carvão, às vezes ia buscar água no riacho, buscava cana na roça com 2 ou 3 jegues, carregava também olho da cana e jogava no palheiro para os bois que puxavam o carro e trabalhavam o dia inteiro no engenho. De fato, era um trabalho árduo, contudo, era muito divertido. Ainda me lembro do meu avô Oiô Querino, que era um senhor muito considerado no Distrito de Bananeiras, a ponto de ser o Delegado. Seu Oiô não passava mão pela cabeça nem de seus próprios filhos, ele gostava de fazer justiça. Por isso ele era muito respeitado e todo mundo gostava dele.
Quando Seu Oiô chegava no sítio e se aproximava dos trabalhadores, todos tinham que parar o trabalho e ficar lhe ouvindo. Muitos trabalhadores já gostavam quando Seu Oiô chegava, para ficar parado sem fazer nada, somente ouvindo a conversa do patrão que era muito bom quando estava de bom humor. Mas quando Seu Oiô chegava perto dos trabalhadores e não dava nenhum bom-dia, todos ficavam pensando: “Hoje Seu Oiô não está a fim de conversa.” Então todos continuavam trabalhando sem conversar.


Mário Antônio Querino da Silva – Escritor de Cristo   

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