terça-feira, 14 de novembro de 2017

QUEM ERAS TU, MEU CARO?

Poeta Mário Querino 14/11/2017


Hoje, contemplei o rosto
Num espelho bem claro,
Claro, não tive desgosto,
Contudo, eu já me calo


Para quem tem 15 anos.
Pois quando tinha essa
Idade, o vigor e ficando
Num espelho, na certa,


Vendo o rosto a brilhar,
Meus olhos bem ativos,
Um sorriso de encantar
As amigas e os amigos.


Meu rosto de pele fina
Que chamava a atenção
Nestas ruas, na esquina
As moças diziam: “Gatão!”


Quem terá esse rapazote,
Com toda essa beleza?
Será do Sul ou do Norte?
Leste ou Oeste? Clareza


Não há, ele é encantador.
Tem um olhar perfeito,
Um sorriso de esplendor,
E é um gatão sem defeito.


Assim eu fui crescendo
Modificando a estrutura,
Meus cabelos perdendo,
Tirando toda formosura,


O olhar com dificuldade
Meu sorriso diferente,
Vindo a terceira idade
E logo não serei gente,


Mas, pó como era antes.
Moças me contemplam
Com o olhar repugnante
A idade não se contenta


E quer me tornar jovem
Como eu era há 40 anos.
Mas o tempo não pode,
E não me conformando,


Me puxo um lado, estico
O outro e tudo ficando
Pior, e nada mais bonito
Neste cantinho baiano.


Senhor, ao me ver assim
Num espelho bem claro,
Pergunto isto para mim:
Quem eras tu, meu caro?


O que posso responder?
Claro, era um jovem feliz,
De face com esplandecer,
Júbilo como sempre quis,


De um olhar encantador,
Olhar bem apaixonante.
Porém, hoje vendo estou
Tudo de mim já distante.


Todavia, valeu a pena sim,
Eu preservar a dignidade.
O mundo olha para mim
E reconhece minha idade


E comenta sim também:
“Toda vida esse cara foi
Sim voltado para o bem,
E com certeza, depois


Desta vida que ele tem
No amado pé de serra,
Deus vê o espírito bem,
O corpo voltará à Terra.”


Mário Querino – Poeta de Deus 

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