Como eu posso fazer
Algo escondido do povo?
Eu trabalhando na casa
De Meu filho, e de novo
Dois urubus me vigiando.
Desta vez estavam sim,
Num poste de luz da rua,
Claro, olhando para mim.
Então, como estou vendo
As vidas de meus amigos,
Os dois urubus também
Agora, já têm me seguido.
E o que eu posso fazer?
Nada, nada, nada, a não
Ser, orar e vigiar também,
Pra não cair na tentação.
Que eu faça minha parte,
E as vidas dos outros só
Sirvam-me como espelho,
Para eu viver bem melhor
Neste amado pé de serra.
Tenho só dois olhos sim,
Para ver todo mundo, e há
Bilhões olhando pra mim.
Que eu só me preocupe
Naquilo que me pertence.
E o que estiver na posse
De outro, não esquente
A minha cabeça com isso.
Pois por mais que eu faça
O melhor, alguém ficará
Contrariado e sem graça.
Agora, quando dou ideia
E alguém não concorda,
Não vou mais altercar,
Alguém cace outra nova.
Claro, não tenho ideias
Para vender a ninguém,
Se quiser eu dou, se não,
Não perco nada também.
Fico horas na madrugada
Buscado boas ideias sim,
Não pago nada para ter,
Tudo vem grátis pra mim.
Por que então vou vender
Aos meus ternos amigos,
Se não paguei para achar
E de graça tenho recebido?
Claro, dou a quem quiser,
Mas não forço receber.
Pois não querendo ideias,
Nada, nada eu vou perder.
Mário Querino – Poeta de
Deus
Poeta Mário Querino 29/04/2018 |