Eu jazia no alpendre
De casa feliz da vida,
Mesmo não estando
Em casa a D. Marisa.
E pra espantar males,
Eu comecei a cantar
Com a voz rouca sim.
Daí a pouco vi chegar
Os passarinhos aqui,
Claro, Pássaro-preto,
Cardeal, Sofrer, Anu
E outros satisfeitos.
Daí eles começaram
A cantar as cantigas
A ponto de eu sentir
Falta de D. Marisa.
Mas chegaram mais
Pássaros para cantar,
E eu desafinado tive
Que então parar.
Os pássaros ficaram
Gracejando de mim
Por não saber cantar,
E cantava tão ruim
Na Chácara Santa
Maria. Agora canto
Somente a noite,
Pra não ver tantos
Passarinhos rindo
De mim. D. Marisa
Não se importa não,
Porque sua cantiga
É mais desacertada
Do que a minha sim.
Mas os passarinhos
Sempre riem de mim,
Quando canto aqui
Pros males espantar.
Daí eu penso na vida:
Ora, não sei cantar,
Neste vasto planeta
Intitulado Terra,
Sobretudo no Distrito,
Meu bom pé de serra.
Mas o que vou fazer?
Não nasci para cantar
Nem entre multidão
Ficar. Então vou calar
Agora a minha boca
E deixar os pássaros
Tomarem conta deste
Nosso bom espaço.
É melhor do que ficar
Sendo sim caçoado,
Pois quem não sabe
Cantar, fique calado.
Mário Querino – Poeta de
Deus
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