Alguém inquiriu assim:
“Por que no viver inteiro
Eu sei trabalhar em tudo
E não ganho dinheiro?”
A pessoa inteligente
E sabida acha o irmão
Ou o conterrâneo sim,
E Deus põe o cambão
Para ele não sair não
Do povoado e querer
A regalia e ostentação
Durante o seu viver.
Porque quando eu era
Jovem aqui no Distrito,
Muita gente tentou
Realmente fazer isso:
Achou que ganhava
Muito dinheiro aqui,
E comprou casa sim
Lá na cidade para ir
Nela morar por que
Aqui em Bananeiras
É sim um lugar pacato,
Sem dar a vida inteira
O que mais queriam.
Daí então, falando mal
Do seu querido povo
E de sua terra natal,
Achando que o Senhor
Deus não estava vendo.
E o que aconteceu?
Eles voltaram dizendo:
“Lá na cidade o custo
De vida é muito alto,
O que a gente ganha
Não dá.” Agora, acho
Que a vida neste lugar
É bem melhor sim,
Para a milha Família
E também para mim.
Então o que aconteceu
Com essa gente?
Deus pôs um cambão
Pra não deixar a gente,
Sobretudo falando mal
De seus conterrâneos
E de sua terrinha natal
Meu cantinho baiano.
Ora, Deus diz ao povo:
Os justos herdarão a terá
E nela habitarão para
Sempre.” Mãe dizia,
Sendo eu sim um cara
Moço aqui no Distrito:
“Quando a formiga quer
Se perder, cria asas.”
Por isso esta vida já é
Cheia de complexidade,
E quem não souber
Viver, obviamente, só
Viverá de ilusões até
Morrer, por achar que
Já tem grana e quer
Morar em outro lugar,
Ambiente que não é
A sua realidade não.
Por isso Deus põe sim
O cambão merecido,
Claro, somente a fim
Dessa gente não sair
Do seu bom povoado,
Porque sabe ganhar
Dinheiro; é estudado
E há desejo de deixar
Seus costumes natos.
Porque já acha que,
O seu lugar é pacato.
Ora, muita gente sai
Com orgulho sim,
A ponto de não
Querer mais, até o fim,
Regressar à sua terra.
Daí chega um tempo
Em que olha pro teto
E diz: “Eu não aguento
Viver mais nesta terra,
Em minha terra natal
O povo é sim, solidário
E aqui eu passo mal
Sem os amigos para
Conversar comigo,
Tomar uma cachaça
No bar, jogar divertido
Uma partida de sinuca,
Comer picanha assada
Com farinha da hora.
Não sou feliz nesta casa,
Quem me dera voltar
À minha boa terra,
Sobretudo ao Distrito,
Meu bom pé de serra!”
Então é melhor saber
Fazer de tudo sim,
Sem visar só à grana.
Por isso eu sou assim:
Ao achar um trabalho
Para ganhar dinheiro,
Vou fazer voluntário,
Passaria o dia inteiro
Sem fazer nada aqui,
Por que não ajudar
O irmão que precisa
De mim para realizar
A sua almejada obra?
Ora, riqueza é dom
De Deus sim, e a gente
Somente acha bom
Quando ela vem sim
De maneira honesta.
Ao contrário, ela só
Traz o que não presta:
Orgulho ou soberba,
Tirania, menosprezo,
Regalia sem freio,
Ostentação e mesmo
O desamor. Ora, acho
Que quem é de Deus,
E tem dom de riqueza,
Deve abrir no país seu,
Em primeiro lugar
Templos para reunir
O amado povo de Deus,
E não só para pedir
Dinheiro a quem não
Tem nem pra comprar
O seu devido alimento
E mais rico aqui ficar,
E deve abrir fábricas
E contratar gente
Para ganhar dinheiro
E viver aqui contente,
E não, oprimir irmãos
Tentando se aproveitar
De suas forças, pois
O servidor deve ralar
Sem fazer corpo mole,
Pois o patrão precisa
Da sua produção para
Pagar-lhe feliz da vida.
Seria muito bom assim,
Todo mundo ficaria
Satisfeito neste Planeta
E a fome não existiria.
“Por que, ó Querino,
Achas que deveria ser
O nosso viver assim?”
Ora, todo mundo vê
Que as riquezas que
Deus deixou na Terra,
Sobretudo no Distrito,
Meu bom pé de serra,
Daria pra todo mundo
Usufruir muito bem,
Mas ficam reunidas
Nas mãos de alguém
Que não quer ver não,
A situação precária
Dos demais que vivem
Tendo uma necessária
Precisão de um apoio.
Por isso há muita gente
Que não merece não,
Enricar, quem sabe,
Eu e D. Marisa, entre
Essa gente seríamos
Também assim. Por isso
Deus nos colocou esse
Cambão no Distrito,
Para não ficarmos não,
Envaidados e no final
Das contas, abandonar
A nossa terrinha natal.
Deus sabe o que faz,
E o que já merecemos.
Por isso nós satisfeitos
Nesta Terra vivemos.
Mário Querino – Poeta de Deus
“Onde não há amor, põe amor e colherás amor.” (São João da Cruz)
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