Minha mãe dizia sim:
“Enquanto descansa
Carrega pedra, pois
Só assim você alcança
Alguma coisa na vida.
Daí perguntava: onde
Botarei essa pedra?
Posso ir após? A fome
Já me deixa sem força.
Eu comerei primeiro,
Bote aí o feijão, ó mãe,
Tenho o tempo inteiro
Pra buscar sua pedra.
Ora, não carrego mais
Pedra pra minha mãe,
Contudo a gente traz
Um destino traçado,
E isto dá a entender
Que carregar pedra
Nesta Terra é dever
De todos que já têm
A espera de alcançar
Algo na vida terrestre.
Mãe mandava buscar
Em sentido figurado.
Por isso a D. Marisa,
Querendo construir
Jardim, vendo a lida
Disse: “Vamos buscar,
Já estou precisando.”
Olhei pra D. Marisa,
E daí fiquei pensando:
Para que a D. Marisa
Quer pedra? Será que
Tem as mesmas ideias
De mãe? Não pode ver
Nem me descansando?
Como somos 2 em um,
Falei: por perto não
Há pedra em nenhum
Lugar. Daí a D. Marisa
Objetou: “Lá em baixo
Tem, levo 1 carrinho,
E tu levas outro.” Acho
Que trago um pouco
E a senhora outro...
Daí então fomos pegar
Pedras, coisa de louco.
E o pior para mim foi
D. Marisa encher
Os 2 carinhos e falar
Após: “Não vou poder,
Levas 1 e depois vem
Pegar o outro.” Parada
Ficou, e eu disse: mata
O velho! Gargalhada
D. Marisa deu: “Kkkkk”
Daí me pus a rezingar:
Mãe dizia: “Se nasceu
Para cangalha, só dar
Para a cangalha sim.”
Então, se nasci, cresci
Carregando pedras,
Levarei até viver aqui.
Mas desta vez eu vi
Que as pedras que eu
Carreguei tem efeito,
Enfeita o jardim seu.
O pior é que D. Marisa
Quer mais pedras aqui,
E o meu velho corpo
Já pede para eu não ir,
Mas manda quem pode
E obedece quem tem juízo.
Como as pedras enfeitam
O jardim, ouvirei o pedido
De D. Marisa, nem que
A vaca tussa ainda agora.
Bom e obedecer sim,
A minha boa senhora.
Um Padre canta assim:
“Quem vai mandar
No mundo é a Mulher.”
Como sou Homem, lá
Vou eu buscar pedras
Para a D. Marisa pôr
No seu jardim, que faz
Com alacridade e amor.
Mário Querino – Poeta de
Deus
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