Um cara ia passando
Pela rua do Distrito
E ouviu alguém dizer:
“Ele não anda bonito,
Sempre vejo ele sim
Sujo, como quem vem
Da roça, e hoje é dia
De domingo, não tem
Nenhuma vergonha
De andar desse jeito,
Com esse traje assim.
Ora, não é satisfeito
Com a vida que leva?”
O cara simplesmente
Olhou para alguém
E lhe disse sorridente:
“Cada tempo é o seu
Tempo, este é o meu
Tempo na lida aonde
Suja meu traje. Se eu
Ando sim deste jeito,
Por ser obrigado sim,
Mas se eu estivesse
De terno, para mim
Falaria da elegância.
Então, agora, estou
Sujo como você vê,
Pois venho do labor.
Daqui mais um tempo
Você pode até me ver
Dentro de um terno
E também me dizer:
“Vai ver o Presidente?”
Ora, o que responder?
O Presidente é simples
Como somos eu e você.
Porque ele também
Já andou como eu
Quando era Torneiro
Mecânico. Mas Deus
Viu seu bom esforço
Para sair da carência,
Deu a vez de assumir
A nossa Presidência.
Cada caso é um caso,
Não vamos confundir
O nosso modo de vida,
Pois se eu estou aqui
Sim, com esse traje
É porque o meu labor
Cabe eu andar assim,
Mas ditoso eu estou.
Quando for preciso
Eu vestir um terno,
Vestirei na boa sim,
Diante do Pai Eterno
E do povo que me ver
Agora, sujo e feio.
Porém, a vida é boa
Assim, e nela eu creio.”
Eu também creio sim
Na vida que já tenho,
Porque é uma dádiva
Que usufruindo venho.
Mário Querino – Poeta de Deus
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