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Zé Pedro era um lavrador
E vivia sem paz e amor,
Neste sertão nordestino.
Seu patrão era um tirano,
Intitulado João Baiano,
E vivia sempre oprimindo.
Um dia Zé Pedro falou assim:
“Vou por esse mundo sem fim,
Porque não aguento mais.
O Senhor só me atormenta,
Chega montando nesta jumenta
Para tirar a minha paz.
O Senhor não tem coração,
Maltrata-me e meus irmãos
Sendo servos do Senhor.
Deste jeito não dá certo,
Vou sair pelo deserto,
Nem que seja maior a dor.
Vou sair deste sofrimento,
Viver assim não aguento,
Vou morrer de tanta tortura!”
Então João Baiano disse:
“Você deixe de tanta tolice,
Senão lhe amarro pela cintura.
Você vai trabalhar amarrado,
Vai aprender a ficar calado
E de nada mais vai reclamar.
Eu só quero ver você sair
Sem eu lhe permitir,
Se você for, vou lhe buscar
E tudo vai ficar pior,
Jamais vou lhe deixar só,
Você terá corda na cintura,
Sem tirar um segundo,
Você terá liberdade no mundo
Quando for para sepultura.
Agora você vai me conhecer,
Sentirá na pele o meu poder,
Você antes não me conhecia,
Você agora fique sabendo
Que tudo que estou fazendo,
Por ser um Coronel da Bahia.
E jamais eu vou aceitar
Pobre como você me insultar
E falar alto o que sente.
Não permito nenhum empregado
Falar comigo assim abusado
E ainda em minha frente!”
Zé Pedro com muito medo saiu
Lá distante, parou e viu
Um caminho muito feliz,
Pensou no sofrimento de Jesus
E de repente apareceu uma luz
Que o levou para outro país.
Mário Querino – Poeta de Deus
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