Poeta Mário Querino 01/08/2017 |
O homem por índole tem
Um orgulho e exaltação,
Quando mais precisa vem
Com humildade ao irmão
E diz com a voz baixinha:
“Amigo, eu estou preciso
De algo na vida minha,
Eu posso contar contigo?”
Ora, o irmão compadecido
Olha para ele com alegria
E fala: “Sim, conte comigo,
O que precisa neste dia?”
O amigo solicita ao irmão:
“Eu venho de muito longe,
Não tenho uma habitação,
Meus filhos passam fome
E não tenho o que comer
Nem onde eu trabalhar,
E alguém me indicou você,
Pois trabalho pode me dar.”
O irmão por ter o temor
Do Deus que fez a Terra,
Os céus e tudo com amor,
Abriga no seu pé de serra
O amigo que lhe solicitou
Moradia, emprego e pão,
Roupa e calçado, ganhou
Com prazer e satisfação.
Daí começou a trabalhar,
Ganhando dinheiro, pão,
Roupa, calçado sem faltar
Nada em suas mãos.
Seus filhos vão à Escola,
Crescem lidando também.
Ao se formar vão embora,
Lá fora se dão muito bem.
Então o amigo se sentindo
Já completo de felicidade,
O pé de serra não servindo
Mais, inventa novidade:
Quer morar numa cidade
E começa a atormentar
Ao irmão, pois na verdade,
Não vai mais precisar
De habitação, pão, roupa,
Calçado e nem de Escola.
E com a vontade louca
De deixar tudo e ir embora,
Põe o irmão na Justiça,
O Ministério lhe dá razão,
O amigo com uma parte fica
De tudo que tem o irmão.
Neste caso, sendo você
Este amigo, faria assim?
No caso, se tivesse poder
Faria tintim por tintim,
Como esse bom irmão fez,
A fim de ver uma família
Abençoada e feliz, talvez,
Sem visar essa armadilha?
Ora, assim faz Bananeiras,
Meu pé de serra, porém,
Espera a sua vida inteira
Uma boa visita de alguém
Que teve casa, teve pão,
Teve roupa, teve calçado
Escola e mais nesta região.
Agora se acha distanciado,
Pois não precisa de mais
Disto que já foi citado.
Hoje, o seu orgulho traz
Um coração exaltado,
A ponto do pé de serra
Ser mais nada para si.
Pois vive em outra terra
Usando o que auferiu aqui,
Sem lembrar do irmão
Que abriu os braços sim,
E lhe apoiou de coração
Dando tintim por tintim
Tudo que lhe faltava.
Bananeiras ainda chora,
E abre as portas da casa
Pra receber quem foi embora.
Por que são ingratos,
Porém, são os seus filhos.
E qual é a mãe que, de fato,
Fecha o bom trilho
Para um filho não passar?
Bananeiras te espera,
Venha lhe visitar
Bananeiras é terra sincera.
Mário Querino – Poeta de Deus
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