Poeta Mário Querino 16/03/2018 |
Eu contemplando eu
Em um bom espelho,
Achei o corpo meu,
De fato, muito alheio.
Quando recordei sim
Os dias da juventude,
Vi que existe em mim
Barba já sem virtude,
Sem mais um brilho,
Pois já mudou de cor.
Quando sigo o trilho,
O povo vê que estou
Totalmente mudado.
Os cabelos caíram sim,
Vendo fotos passados,
Espelho diante de mim
Dizendo que sou usado
E gastado pelo tempo.
Daí voltei ao passado
E me veio pensamento:
Quem eu fui há anos
E sou hoje em dia
Neste cantinho baiano?
Ora, na minha ideologia,
Fui pó e Deus fez boneco
E me deu alma vivente.
Vivo hoje com sucesso
Com aparência de gente.
Contudo o melhor
É que eu já entendo
Que voltarei a ser pó
E não ficarei me vendo
Através dum espelho,
Recordando o passado
E me achando alheio,
Barba branca e rugado,
De cabeça sem cabelo,
Digo, a maior parte.
Penso o tempo inteiro
E me acho destaque
Na mutação desta vida,
No meu velho corpo,
Com mente esquecida
Que já sou quase morto.
Claro, amo a minha vida,
Porém, compreendo isso,
Que sou da terra querida,
Mas pra sempre não fico...
Então assim eu pensei:
Senhor, pra que orgulho?
Fui o cara que me achei
Dentro de um embrulho
Totalmente fantasiado.
Hoje já estou assim feio,
De barba branca, rugado
E careca. Mas eu creio
Que ainda serei defunto.
De que valeu a besteira?
E concluindo o assunto,
Serei pó em Bananeiras.
Mário Querino – Poeta de
Deus
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