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| Poeta Mário Querino e D. Maria José 29/03/2018 |
Nesta noite eu sonhei
Que havia um pregador
Numa civilizada cidade,
Exigente e controlador
Da vida de seus adeptos,
Sobretudo, da mulher
Que queria que vivesse
Como há gente que quer.
Então a sua mulher ficou
A vida inteira na cidade,
Sem usar nada de enfeite,
Nem mesmo maquiagem.
Era uma senhora triste,
Ela tinha aquela vontade
De ficar bonita também,
Como as outras da cidade.
Umas se ornavam tanto
Que chamavam a atenção.
Mostravam tanta beleza
Que enchia de satisfação
Aquela civilizada cidade.
Somente os adeptos,
Principalmente a mulher
Dele, não achavam certo.
Mas tinham almejo de ser
Também mulheres bonitas,
Pois é a beleza da mulher
Que deixa uma cidade rica.
Como o pregador era sim,
Exigente e intransigente,
As mulheres não podiam
Alegrar o coração e mente.
Então elas viviam tristes,
Como pessoas oprimidas.
Tinham vontade de viver
Satisfeitas e felizes da vida,
Mas o pregador as proibia.
Mas a mulher do pregador,
Um dia morreu e o Plano foi
Ornar com carinho e amor.
Quando lhe maquiou bem
E colocou o caixão na sala,
O pregador chora contente
E de todo o coração fala:
“Minha mulher está bonita,
Como nunca vi em vida!
Por que só depois de morta
Deus deu a minha querida
Uma beleza tão agradável
Que me deixa apaixonado?
Minha mulher parecia ser
Uma velha sem bom grado,
E agora sua beleza encanta,
Encanta o meu contemplar.
Ó fulana de tal, por que não
Se revelou como você está?
Você está muito linda aqui.
Não pensava que era assim,
Tão bonita e encantadora!
Só mostrou beleza pra mim
Quando morreu! Agora não
Há mais jeito, ó meu ex-amor!
Não usava nenhum pó,
E agora na terra pó já virou!”
Mário Querino – Poeta de Deus
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