Eu ia passando ditoso
Pela Rua do Cemitério,
E lá estava um carro,
E me revelou mistério.
Como o carro estava
Numa ladeira, eu falei:
Esse carro vai descer,
E andando continuei.
Então, alguém disse:
“Nem com reza desce.”
Afirmei: Ele vai descer!
Alguém disse: “Pareces
Que ficou louco, cara?
Como esse carro vai
Descer já engrenado?
Porém, achas capaz
De fazer uma aposta?”
Objetai: Não aposto,
Porque de dinheiro
Fácil assim, não gosto.
Porém, se eu gostasse,
Ousaria a minha casa
Com tudo que nela há,
Fora a minha amada,
D. Maria José, e claro,
Eu também. Mas vai
Descer, com certeza!
Alguém olhou pra trás
E comecei a entreter,
Até o motorista entrar,
Desengrenar o carro
E sair sem alguém dá
Fé. Daí eu gritei assim:
O carro desceu, ó cara!
E vai embalado sim,
Cada vez mais dispara!
Alguém ficou agoniado
E dizendo: “Vai bater!
Saiam da frente gente!”
Eu disse: Falei pra Você,
Que o carro iria descer,
E de fato, ele desceu.
Quando o carro sumiu
Alguém veio me dizer:
“Claro, o carro desceu
Por ter um motorista,
Senão, não desceria...”
Eu disse: Agora, fica
Mais atento na vida.
É assim que espertos
Tomam tudo do cara,
E ele de corpo aberto.
Ainda que apostasse
Com você, eu não iria
Ficar com seus bens,
Só exibi a sabedoria,
Para você saber sim
O quanto é bom ser
Sábio no pé de serra,
Hoje, eu deixaria você
À-toa neste Distrito.
Mas não quero grana
Assim tão fácil não,
Isso não me engana.
Só brinco com o saber,
Para dar um alerta
Aos amigos e amigas
Deste pobre Poeta,
Tachado como louco.
Porém, acho bom ser
Assim como eu sou,
Para melhor eu viver.
Mário Querino – Poeta de Deus
Poeta Mário Querino 24/08/2019 |
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