Alguém assim perguntou:
“Se a tua mulher morrer,
O que farás nesse dia?”
O que eu pude responder?
Eu faria uma linda poesia,
Seria um grande destaque,
Claro, todo mundo iria ler
E também dar seu sotaque.
Afinal de contas, morrerá
E eu já estou cônscio disso.
Não sei se farei cobertura,
Digo hoje, pois ainda existo.
Alguém indagou de novo:
“E se o senhor morrer,
O que ela nesse dia fará?”
O que eu posso responder?
Ora, ela ficará livre para fazer
O que quiser fazer na Terra.
Pode chorar, cantar, sorrir...
Até se casar no pé de serra.
Com certeza eu nada verei
E nem pretendo ver mais.
Minha Missão já cumprida,
Deixo o lugar para quem faz
Alguma coisa nesta vida.
Porque, do que me serviria
Viver neste mundo assim,
Sem escrever mais poesia,
E sem fazer mais nada?
Quanto mais se prolonga
Esta vida neste mundo,
Mais a gente se abandona.
E vivemos como um resto,
Dando muito trabalho,
Sem fazer mais sucesso
Em nenhum dos atalhos.
Quando a minha mulher
Então morrer e eu for
Ainda vivo e puder fazer
Algo, glorificarei ao Senhor
Pelos anos que já vivemos
Juntos, na alegria, na dor,
Na paz, nos altos e baixos,
E principalmente no Amor.
Claro, se a minha mulher
Morrer primeiro que eu,
E ainda eu tiver vigor,
Darei muitas glorias a Deus,
Por ter me dado a mulher
Que foi uma companheira
Exemplar neste pé de serra,
Meu Distrito de Bananeiras.
E se eu morrer e ela ficar,
Ainda com vida, já peço
Que o Senhor lhe dê a paz
E ela continue com sucesso,
Vivendo melhor mais ainda.
Porque ela merece contar
Uma história de nós dois,
Que nenhuma já quis ousar
Contar para as suas amigas
Nestes últimos tempos.
Claro, não sei do nosso fim,
Mas é lindo nosso momento.
Portanto, sou cônscio sim,
Que minha mulher morrerá
E se eu não fizer poesia,
É porque já fui lhe esperar,
Ou já perdi meus sentidos.
Então, não ficarei pensando
Se eu ou ela vamos morrer,
A Morte já vive planejando
E é consciente do que faz.
No dia em que me chamar,
Estou pronto para ir sim,
Fugir jamais eu vou tentar.
“É chegada a hora de ser glorificado
O Filho do homem.” Puderam ver.
“Em verdade, em verdade vos digo: se o grão
De trigo, caindo na terra não morrer,
Fica ele só; mas se morrer,
Produz muito fruto.” (Jo 12:23-24).
Então, a Morte faz parte da vida,
Mário e Maria morrerão, de fato.
Mário Querino – Poeta de Deus
Nenhum comentário:
Postar um comentário