Estou reformando sim
Uma casa na cidade,
E sempre estou vendo
Algo fora da realidade
Dum bom profissional.
Claro, pintando o beco,
Feliz desta linda casa,
Eu já notei um defeito
Que não deveria haver.
Mas passei a tinta sim,
E vi que ficou horrível,
Contudo, vindo a mim
Pensamentos errados
E concordando disse:
Quem fez não foi eu,
Então que assim fique.
E ao passar a demão,
Eu disse bem assim:
Pronto, já está pronto
O que incumbe a mim,
E saí para a outra área
Com muita satisfação.
Daí eu senti na orelha
Forte e dolente puxão.
Então indaguei: Cara,
Por que puxas assim
Forte a minha orelha?
Daí então veio a mim
O sentimento culposo:
“Ouças-me, há tempo,
Tens a Sabedoria sim,
E no exato momento
Podes deixar bonito,
E por que não corrigir
O erro do profissional,
E queres assim seguir
No mesmo desamor
No planeta Terra,
Pelo que fazes agora?
Vens do pé de serra
Convidado pela viúva,
Para reformar a casa
E se sentir muito bem,
E deixar coisa errada?
Volte, quebres tudo
E faças tudo de novo,
Pois tu és um Artista
Que agrada ao povo.
E com essa atitude
De ver algo errado
E passar por cima,
Jamais terás agrado,
E alegando que não
Foste tu que fizeste,
Isto me dá a entender
Que não mereces
Seguir como Artífice
Adequado e criativo
Numa obra especial.
Vá e deixes corrigido
Como já sabes fazer,
Tens tempo de sobra,
Podes fazer tranquilo
E deixar pulcra a obra.”
Daí então eu objetei:
Mas não fui eu não,
Que já fez deste jeito,
Sem devida perfeição.
Porém o sentimento
Culposo, contrapôs
A minha fraca ideia,
Dizendo assim: “Pois,
Se não quer corrigir
Os erros já notados,
Renuncies os dons
Que já tenho dado.
Porque tens Tempo,
Tens Inteligência sim,
Tens Sabedoria aqui,
E tintim por tintim
Podes deixar bonita
Esta obra na cidade,
Para o povo apreciar
Com muita alacridade
A casa desta viúva
Que é ditosa na Terra,
E se sente bem ao ver
O Cara do pé de serra
Corrigindo com ledice
Erro que não deveria
Ter nesta linda casa.
Então use a Sabedoria,
A Inteligência, o Amor,
E a vontade de deixar
Esta obra sem defeito,
Para o povo apreciar
E comentar satisfeito:
‘Como a casa da viúva
Fulana está tão linda,
É bênção, sem dúvida,
E o Artista é um leigo,
Pobre e voluntário,
Mas por ter o Amor
Pelo que faz, salário
Não é tudo no viver
Desse Cara que faz
Tudo com alacridade,
E resmungo não traz
Nem leva a nenhuma
Área da nossa Terra.
E com Amor já faz
Tudo no pé de serra
O Mário Querino.’ Ora,
Esta é a melhor Porção
Que Deus dá contente
Neste querido sertão.”
Então já ficou assim,
Com outra boa visão,
Depois que eu recebi
Na orelha este puxão.
Mário Querino – Poeta de
Deus
Poeta Mário Querino 29/12/2019 |
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