Poeta - Mário Querino
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Não sei se devo começar
No princípio ou no fim,
Mas eu tenho que falar
Agora sobre mim.
Moisés falou de sua morte
E eu posso então imaginar:
Será no Sul ou no Norte
Que vão me sepultar?
Uma coisa eu sei dizer
Que eu vou deixar
Tudo quando morrer
Para quem vai ficar.
Fiquei horas meditando:
Quando estiver num caixão,
Seis pessoas irão levando,
Depois me enterrarão.
Ainda uma coisa eu pensei:
Sei que tem outra vida,
Mas como é não sei,
Não tenho outra saída
Um dia eu vou morrer
E quem sabe se meu nome
Vai depois aparecer
Nas ideias dos homens?
Sei que muitos poetas
E também outros atores,
Hoje já não restam,
Foram cheios de flores.
Assim eu posso imaginar
Que este é o meu destino,
De não ouvir gente chorar
Nem tampouco sentindo
Desejo de escrever a vida
De um poeta como sou.
Minha estrada é comprida
E repleta de pudor.
Irão os sentimentos embora
Para bem longe de mim.
Será que lembrarei toda hora
Ou de repente chegará o fim?
Só Deus pode disso saber,
Mas em tudo isso eu pensei:
Será que quando eu morrer
De vocês eu lembrarei?
Então, devo me lembrar agora.
Mário Querino – Poeta de Deus
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