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Agora com muito lamento
Eu vou então escrever
A queixa do jumento
Que ele veio me fazer.
Então ele me disse assim
Com muita precisão:
"Hoje ninguém gosta de mim
Aqui no meu sertão.
Uns tempos atrás
Eu tinha muito valor,
Eu era bom de mais,
O homem me abandonou.
O homem me abandonou.
Eu carregava milho, feijão,
Lenha, cana e mandioca,
Agora com esta evolução
Vivo sem valor até na roça.
Muitas vezes lidei com fome,
Com sede e muito doente,
E hoje o ingrato homem
Menospreza a gente.
Meu valor caiu de mais,
Não sirvo mais pra nada,
O homem me acha incapaz
De carregar suas cargas.
Acha que eu não aguento
E confia na força do motor,
Hoje sou um jumento
Que ninguém dá valor.
Mas um dia eu farei falta
E de mim vão correr atrás,
Nesse dia ninguém me acha,
Porque não existirei mais.
Mário Querino - Poeta de Deus
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