Poeta Mário Querino 09/06/2018 |
Ao fazer 26 anos com fé
E amor eu me casei
Com a jovem Maria José,
E trabalhando continuei
Na roça com meu pai.
Depois de 8 anos
De casado, o Prefeito faz
Neste cantinho baiano
Um concurso público,
Eu passei com nota 10,
A mais alta do concurso,
E minha vida através
Deste trabalho público,
Foi se estabelecendo.
Daí então fiz o Curso
De Magistério, e sendo
Porteiro até o momento.
Mas como eu só ganho
Durante todo este tempo
1 salário, e seu tamanho
Não era o suficiente não,
Para manter os estudos,
De meus filhos no sertão,
Porém, eu fazia de tudo
Para ver meus filhos bem.
Então, pedia grana ao pai,
E claro, a mãe também,
E a gente passava em paz.
Como pedia empreitado,
Quando eu recebia
Ia devolver, desanimado,
Porque dela já precisaria.
E meu pai recebia sim,
A grada de volta e eu
Ficava achando ruim,
Mas era um dever meu,
Voltar a grana aos pais
Que me emprestavam.
Daí a minha mãe se vai,
Eu de grana precisava
Para pagar minhas contas.
Como meu pai ainda ficou,
Da missão tomou conta,
E sempre me emprestou.
Um dia eu estava tão
Apertado sem a grana,
Que eu não queria não
Devolver nessa semana.
Fui à casa de meu pai,
E durante o caminho,
A mente pensou demais:
“Se hoje meu papaizinho
Me perdoasse, seria legal.
Mas quando dei a grana,
Ele recebeu normal,
E passei essa semana
Sem algum esperança.
Mas não precisei botar
Uma faca na garganta
Do pai, por não perdoar.
Mas meu pai usava sim,
Uma boa estratégia aqui,
E nunca tinha dito a mim,
Mas hoje eu já descobri
O segredo de meu pai.
Então meu pai recebia,
Não por ser ruim demais,
Mas usava a sabedoria.
Antes de ele morrer disse
Pra alguém perto de mim:
“Na verdade, fico triste,
E também eu acho ruim
Receber de volta a grana
Que empresto ao Zinho.
Mas ele vem toda semana...
E tem ali num cantinho.
E se eu então perdoar,
Quando ele vier não terei
Nenhuma grana pra dar.
Então recebi e receberei
Pra quando ele me pedir,
Eu já ter grana para dar.
Pois se ele vier até aqui
E não ter pra emprestar,
Ele vai me achar ruim.
Então, pego para guardar,
Até ele vir a mim
Para eu lhe emprestar.”
Meu pai também morreu,
E agora, sou abençoado
Pelo Senhor, meu Deus,
E o salário ainda apertado,
Dá para eu passar aqui,
Porque de tudo eu faço,
Não pago para construir,
Nada nem à-toa eu gasto.
Mário Querino – Poeta de Deus
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