Poeta Mário Querino 30/12/2018 |
Hoje em dia, alguém diz
Que sou homem louco.
Mas não levo nada disso
Sério nem perco o gosto
De viver como eu sou.
Na minha adolescência,
Eu era sim um louco.
Narro por experiência
A quantidade de fatos
Que eu vivia na terra
De Bananeiras, claro,
Meu bom pé de serra.
Quando eu era criança,
Corria pelas ruas sim,
Descalço e sem camisa,
Não pensava em mim.
Poderia pisar em vidro,
Cair dentro de buraco
Ou tropeçar em pedra.
Nas ruas só tinha mato,
Poderia ter uma cobra,
E picasse quando eu
Escondia-me deitado
Para os amigos meus
Não me acharem não.
No curral de Seu Farias,
Tinha lama, na Estação
Do Inverno porque caía
Muita chuva nessa era.
E eu entrava no curral,
Com a lama na canela.
Poderia pisar num pau
E ele furar o meu pé.
Subia no caminhão sim,
Do conterrâneo Solon,
Tudo isso era para mim,
Um divertimento, hoje,
Considero uma loucura.
Na minha adolescência,
Minhas más aventuras,
Parece que foram piores.
Pois tirava pulo mortal
Da pedra da cachoeira,
De altitude descomunal,
E caía dentro dum poço
Que não alcançava não,
Seu determinado fundo,
Quer dizer, o seu chão.
Montava num jumento
Sem cabresto e batia
Pra ele correr, correr...
E na ladeira ele descia
Embalado, e eu batia
Mais, pra ele correr....
Quando ia ao Templo,
Eu gostava de fazer
Uma estripulia, subia
No coro (estrado) onde
Fica o sino católico.
Então, hoje, me sonde
E veja a minha loucura
Na minha adolescência,
No coro há uma grade
E a minha má tendência,
Era caminhar sobre ela.
Ela tem uns 14 metros
De comprimento e é sim
De madeira, e é certo,
Que há 9 centímetros
De espessura, e uns 4
Metros de altura e eu
Nela caminhava. Acho
Hoje, que eu era louco
Na era da adolescência.
Ainda ia à roça chupar
Manga e a tendência
Era subir na mangueira,
Enganchar os meus pés
Numa das galhas dela,
E por uma loucura ou fé,
Descia sim, meu corpo
E ficava como morcego,
De cabeça para baixo,
E sem nenhum medo.
É claro, a altura era sim,
De quase 5 metros.
Se meus pés soltassem,
Não teria não, Médico
Que me consertasse.
Um dia peguei o veículo
De meu pai, sem saber,
E andei no meu Distrito.
E o meu irmão comigo,
Sem medo também,
Hoje, eu não sei dirigir,
E meu irmão sabe bem.
Dirige até em São Paulo,
E já veio para a Bahia.
A gente já tem veículos,
Contudo, hoje em dia,
Não me considero não,
Mais louco para fazer
Mais nenhuma aventura,
Porque gosto de viver.
E quando o Rio Aipim,
Estava transbordado,
Eu caía dentro e descia
Feliz e muito animado.
Poderia me prender
Num arame ou galha
De árvore e poderia
Afogar-me numa falha
Ou pelo meu cansaço.
Estas aventuras eu fiz
Aqui em Bananeiras,
Meu cantinho do país.
Eu era considerado sim,
Como jovem inteligente.
Mas hoje em dia, vejo
Que eu era um cliente
Da Morte que, deixou
Eu fazer as estripulias,
Para depois me levar
E chorar minha família.
Como Deus me ama,
Aboliu essa sabedoria
Pra poupar minha vida,
E me deu hoje em dia
Sim, a preconceituosa
Loucura para eu refletir
Que tudo que eu já fiz
Foi pra hoje descobrir
Que melhor é a loucura
Do senhor Deus, do que
A sabedoria do homem.
Então louco quero viver,
É melhor do que o sábio
Morto. Pois eu sendo
Louco, eu faço sim algo,
Enquanto estou vivendo.
Mário Querino – Poeta de Deus
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