quarta-feira, 9 de outubro de 2019

HERANÇA BOA É AQUELA QUE CONQUISTAMOS COM O PRÓPRIO TRABALHO

Poeta Mário Querino e Sr. Bia 09/10/2019



Numa cidade havia sim
Um casal bem-sucedido,
Tinha filhos, filhas, noras
E genros, todos unidos,


E davam bom exemplo.
Daí, os pais com prazer
Quiseram dividir tudo,
Porém, careceram fazer


O acordo entre os dois,
Onde a mulher falou:
“Há genros também,
Contudo, eu não vou


Aceitar dar as partes
Dos bens adquiridos
Com tanto trabalho,
Pra esses indivíduos.


Vamos dar aos filhos,
Pra eles fruírem bem.”
Seu marido olhou sim
Pra ela e disse: “Tens


Toda a razão, se nós
Colocarmos os bens
Nas mãos dos genros,
Eles podem também,


Repudiar nossas filhas,
Se unindo com outras,
E nós ficando aqui
Com a cara de tocha.


Mas vamos fazer assim,
Pois eles têm direito
De herdar nossos bens,
Façamos deste jeito:


Dividimos dizendo sim,
Que ficaram lidando,
Porque não podemos,
E donos vão ficando.”


De fato, ficaram velhos
Precisando da família,
Para cuidar deles sim.
Os aceitos na partilha,


Começaram a rejeitar,
Pois nenhuma nora
Queria ter o trabalho
Com seus pais agora,


Porque era complexo.
Um dos genros vendo
Tudo isso, disse assim,
Com o coração doendo:


“Concunhados, vamos
Zelar de nossos sogros,
Pois eles deram filhas,
Ainda jovens, com gozo


E com grandes festas.
Então, hoje é o tempo
Duma boa recompensa.
Com o contentamento,


Eles criaram as filhas
Tão delicadas e bonitas,
E deram entre festejos,
Olvidemos a injustiça.


Se não lhes ocupamos,
E temos uma vida feliz
Com as suas filhas
Neste cantinho do país,


Vale a pena zelarmos
Desses dois velhinhos
Que nos deram tudo,
As filhas com carinho.”


Daí, uma das esposas,
Filha dos velhinhos,
Falou: “Não é lícito,
Nós zelarmos sozinhos,


E os outros filhos que
Ficaram com tudo sim,
Viverem sem trabalho,
Não é justo para mim.”


Daí, outro dos genros
Desses velhinhos, falou:
Não, cunhada, nenhum
De nós aqui, se casou


Com a filha dos velhos,
Visando o que eles têm
De bens materiais,
E sim, porque nos vem


O apaixonado coração
Em cada um de nós.
Se até agora, nunca
Erguemos a nossa voz


Para pedir nada aqui,
Aos nossos sogros,
Agora, é que nós não
Içamos. Mas com gozo


Cuidaremos deles até
O fim da vida na Terra,
E os filhos não fiquem
Aflitos no pé de serra.


Pois não precisamos
De nada de seus pais.
Já temos o suficiente
Pra sepultarmos em paz.


Mário Querino – Poeta de Deus

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