Poeta Mário Querino |
Hoje, já é quinta-feira
E estou feliz da vida
Na terra de Bananeiras,
Entre amigos e amigas.
Ora, alguém pode até
Falar: “Não sentes nada
No corpo que lida e é
Capaz de pedir até água
Já num copo por favor,
Pra tomar, a fim de não
Perder tempo no labor,
Durante a sua atuação?
Ora, isso não te deixa
Estressado na Terra?”
Falei: Não faço queixa
Do labor no pé de serra.
Pois tudo que eu faço
É de gosto do coração,
Quando estou fraco,
Eu confesso ao irmão
Que não aguento fazer,
Porém, posso indicar
Quem fará com prazer
E sim, sem explorar.
Certo dia uma senhora
Chegou em casa a fim
De eu passar horas
Fazendo trabalho sim
Na sua singela casa.
Ora, não havia tempo
E a vida era abarbada,
Até os pensamentos.
Indiquei o profissional
Famoso da região,
E ela pensou no “Real”
Que pagaria pela mão-
De-obra do Mestre.
Daí ela me perguntou:
“Quanto vale o labor?”
Eu indaguei: Comprou
Quanto de material?
A senhora respondeu:
“Comprei só o ideal,
X.” Claro, segundo eu,
A senhora pagará
Só R$ X. Se o artista
Cobrar mais, está
Fazendo coisa ilícita,
Querendo te explorar.
Então ofereça R$ X,
Não vá se precipitar
Seu almejo que diz:
“Não dar para fazer
Por esse preço.”
A senhora pode dizer:
“Claro, fazes bem-feito,
E dá para fazer sim,
Ó senhor, é melhor,
O trabalho não é ruim,
O senhor fará até só.”
Daí o tempo passou,
E certo dia encontrei
A senhora que falou:
“O trabalho já realizei
Dentro do seu valor,
Obrigada pela ajuda,
O Mestre que indicou
Lida bem sem dúvida.
Eu só dei R$ X a mais,
Por gostar do labor,
Ficou bom, ele faz
Tudo com fé e amor,
Pachorra e tolerância,
Eu pedia informação
Por ter ignorância,
Ele dava explicação,
Fazia o trabalho sim,
Com prazer e gosto.”
Eu comentei assim:
Não indico aos outros,
Profissionais que não
Ama o labor que faz,
Nem tiro de um irmão
Que ainda corre atrás
De Mestre para fazer
O trabalho seu.
Pois todos devem ter
Aqui no distrito meu,
Para ganhar o pão
E quem fizer melhor,
De fato, não fica não,
Sem labor ao redor.
Não desaprecio cargo,
Mas não seria melhor
Pouco do que parado?
Pare e pense um só
Minuto: “Se um Metre
Mora no Distrito pobre,
E o salário permanece
O mínimo, como pode
O Mestre ganhar mais?”
Então, não seria justo
Fazer o que lhe satisfaz
Pela metade do custo?
Porque mesmo que
Tivesse rios de dinheiro
(Como gostava de dizer
D. Dedé, de primeiro),
Jamais comeria o que
A barriga não suporta.
Não se vestiria sem ter
A estrutura disposta.
Não calçaria não,
Se os pés também
Não pisassem no chão,
Como na Terra tem
Muita gente que acha
Seu cargo importante,
Daí perde toda a graça
Para com o semelhante.
Mas no final da vida,
São esses excluídos,
Que limparão feridas
Das amigas e amigos,
Por perfilharem bem,
Que um dia fez parte
Da história também,
E ficou no descarte.
Porém, quem ama ver
O próximo como irmão,
Ainda ter feito sofrer,
Zela de alma e coração.
Mário Querino – Poeta de Deus