Ora, alguém inquiriu:
“A gente tem algo
Para pagar quando
Morrer?” Eu calado,
Fiquei um segundo,
Depois eu respondi:
Você já viu chegar
Algum morto aqui
No vasto Planeta
Intitulado Terra,
Mormente no seu
Amado pé de serra
Cobrando algo a ti?
Acha que, se morto
Pagasse algo a mim,
Eu não seria outro?
Ora, já existiu gente
Que destruiu tudo
Que o meu coração
Ergueu com estudo
E consciência limpa.
Ora, não devo não,
Visar recompensa
De quem virou Chão
E não voltará mais.
Ora, a minha visão
Sobre pagamento,
Sem dúvida, não
Creio que a gente
Pague o que deve
Só quando morrer.
Sendo, considere
Que não me deve
Nada, pois já sou
Cônscio que morto
Não paga. Ora, vou
Esperar alguém só
Pagar depois que
Morrer? Seria eu
Muito besta pra ter
Essa esperança sim,
Na minha vivência.
Se o Porteiro deixar
Com frequência
A porta do Cemitério
Da Paz, digo ciente:
Quem morreu, não
Vem pagar a gente.
Ora, quem faz aqui
Vai pagar aqui sim.
Por isso morto não
Venha atrás de mim
Pra me pagar nada.
Pois eu sou louco,
Porém, sou cônscio
Que depois de morto,
Virará Pó e não vai
Ter nada em mão
Para me dar. Ora,
Pode existir ilusão,
Que alguém depois
De morto pague algo,
Porém, este matuto
Esquece desse fiado.
Nunca vi um morto
Sair do mausoléu
Arrependido, a fim
De pagar e ir pro Céu.
Por isso eu já pago
O mal com o bem,
Porque morto não
Paga a ninguém.
Quem me dever
Pague-me com vida,
E quando morrer
Fique com sua dívida.
Mário Querino – Poeta de
Deus