Ora, não sou de ficar
Mais entre multidão
De gente que busca
Alegrar o se coração.
Ora, quando eu era
Um cara ainda moço,
Procurava agitação
Com prazer e gosto,
Este gosto eu perdi.
Ora, procurei apoio,
E vivia pela cabeça
Alheia como piolho.
Por isso eu entrei
Nessa vil depressão,
Mesmo sem querer,
E não foi fácil não,
Pra eu sair do fundo
Desse terrível poço.
E além da fraqueza,
Eu ouvia dos outros
Zombaria e também
Via gesto de rejeito.
Por isso hoje em dia,
Prossigo deste jeito.
Ora, nesse tempo,
Aqui em Bananeiras
Só tinha eu e outro
Cara dessa maneira:
Louco e fora do meio
Social. Esse cara lia
Romance e recitava
Com muita alegria,
Ele também cantava
Com voz alta sim,
À meia-noite, e eu
Tintim por tintim
Ouvia bem sua voz
De lá de minha casa,
Quer dizer, de meus
Pais. Ora, ele cantava
Na calçada da Igreja
Que fica na praça
Sim do meu Distrito,
Aonde com a graça
Vivia sem a loucura.
Mas como ele vivia
Discriminado, eu
Pra uma prima dizia:
Eu queria ser louco,
Mas tenho medo
De não voltar não.
Ora, esse segredo
Já confesso agora:
Quando eu dei fé,
Já ia longe de casa
Seguindo sim a pé.
Durante a viagem
Eu ouvia o cantado
Desse amigo louco,
Que tinha deixado.
Ora, o cara morreu
E eu continuo vivo,
Já cônscio de tudo,
Porém, ainda sigo
Com essa loucura,
E sei que vou seguir
Com ela numa boa
Enquanto eu existir
Neste vasto Planeta
Intitulado Terra,
Sobretudo no meu
Amado pé de serra
Titulado Bananeiras
Onde nasci, cresci
E ainda bem moço,
Ganhei o que pedi.
Ora, não foi nada
Fácil para mim não.
Eu sofri a profunda
E cruel depressão,
A ponto de ser sim,
Caçoado e rejeitado
Do Sistema Social,
Sem ficar revoltado.
Hoje, eu não tenho
Mas nenhum gosto
Entre uma multidão,
Gosto de ficar solto
Como um pássaro
Que voa, voa, voa...
Com liberdade sim,
Isso aqui é coisa boa.
Ora, não tive apoio
Quando eu era novo,
Agora, perdi o gosto
De ficar entre o povo.
A minha expectativa
Apanhou muito sim,
Agora, não há gosto
Que agrade a mim.
Eu já me acostumei
Com essa boa vida,
Que eu já tenho sim
Ao lado de D. Marisa.
Então, não me traz
Nenhum sentido,
O desejo de querer
Ser um reconhecido.
Meu tempo passou,
E eu perdi o tempo,
Agora, como eu sou,
Traz contentamento.
Mário Querino – Poeta de
Deus

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