Poeta Mário Querino 24/07/2019 |
Hoje, eu contemplando
O mundo com o olhar
Mais contemplante sim,
Neste meu amado lugar
Aonde contente nasci,
Cresci e estou já ficando
Velho, perto da Morte
Física no cantinho baiano.
Eu vejo que a vida passa,
Como passa um vento.
Agora, eu já namorando
A vida, meu sofrimento
Do meu passado, já ficou
Para trás, isso já não dói
Mais neste usado corpo,
Pois o espírito já constrói
A minha vida bem assim,
Cheia de contentamento.
É claro, isso faz com que
O intelecto neste tempo,
Extirpe toda a minha dor
Que o meu corpo sofreu
Quando ainda eu jovem,
Com permissão de Deus.
Mas não relato que Deus
Quis que eu sofresse,
Porque se eu aqui já sofri,
Foi pelos meus interesses.
Então, não foi nada à-toa,
O meu cruel sofrimento,
Foi apenas para que eu
Seja feliz neste momento.
Agora, eu já reconheço
Que o meu corpo físico
Precisa sofrer bastante,
Para preparar o espírito.
Então, hoje em dia, eu
Já sou cônscio de tudo
Que penso, falo e faço.
Por isso sempre estudo
E acato qualquer ideia,
Claro, ponho na mente
E lhe passo na peneira
Com alegria e contente.
E já depois de peneirada,
Pego as que forem boas
E ponho em prática,
Em favor destas pessoas.
Por isso eu gosto de dar
Sim, ideias aos amigos,
Contudo, eu não vou não,
Insistir, pois não obrigo
Ninguém fazer nada.
Se Jesus já nos libertou,
Quem sou eu na Terra,
Pra fazer alguém de robô?
Ora, se alguém não quer
Sofrer neste mundo,
Faça coisas maravilhosas
Com fé e amor profundo.
Porém, se rezingar que é
Uma pessoa sofrida,
É claro, nada posso fazer,
Eu só direi: Encare a vida,
Se não queria sofrer aqui,
Para que então, nasceu?
Para que visitar Hospital?
Para que implorar a Deus,
Para que o Médico faça
Logo o seu corpo reagir?
Não quer encarar a vida?
Peça a Deus para partir
E deixar sim este mundo
Para quem ama a vida,
Ainda entre sofrimento.
Amigos e minhas amigas,
Quem gosta de moleza,
Sempre vai ficar na lama,
E nunca vai ter na vida
A boa e almejada cama.
Então com a consciência
Que eu já tenho agora,
Todo esse meu passado
De dor, já foi se embora,
Porém, contribuiu sim,
Para a minha felicidade
Do meu tempo presente,
Embora, a minha idade
Já esteja avançada aqui
Neste bom pé de serra
Onde nasci, cresci e fico
Usufruindo desta Terra.
Então, quem quiser viver
Melhor que eu aqui,
Lhe almejo a boa sorte,
Porém, é preciso subir
Para a Dimensão celeste,
Porque uma vida igual
A que eu já tenho aqui
No pé de serra, ó pessoal,
Só encontrará lá no Céu.
Ora, entre dores no corpo,
O meu espírito está agora
Se regozijando de gosto
E de prazer neste Distrito,
Intitulado Bananeiras.
No dia em que eu achar
Ruim, sem brincadeira,
Não pedirei para morrer,
Como eu não pedi não,
Para nascer, mas nasci
E morrerei neste sertão.
Sabem por que fui fazer
Cirurgia no olho direito?
Por querer ver o mundo
Como já vejo deste jeito,
Claro e bem melhor sim.
Então já exponho agora,
Tudo que eu vejo e acho,
Porém, se alguém ignora,
Eu já estou sim, cônscio
Da vida no planeta Terra,
E já esperando a Morte.
Não ficarei no pé de serra
Para virar um borboletão,
Como a minha mãe dizia.
Ora, a Morte me observa
Camuflada, noite e dia.
Claro, na hora em que eu
Der uma boba vacilada,
Ela me pegará sim aqui,
Seja na rua ou em casa.
Quem sabe, no trabalho.
Mas também eu já fico
De olho aberto sim,
No meu amado Distrito.
Quando eu fecho o meu
Olho esquerdo, abro
O direito, quando durmo,
Muriçocas ficam do lado
Fazendo um barulho sim,
Nos meus bons ouvidos,
E quando a tal de Morte
Vem chegando, o aviso
Chega correndo primeiro.
Pois as minhas muriçocas
Me cutucam numa boa,
Se a Morte ficar na porta.
Há muita gente que acha
Que eu sou um besta
Por não matar muriçocas,
Mas uso a minha cabeça,
Porque enquanto eu for
Por muriçocas cutucado,
A tal de Morte não tem
Vez de ficar do meu lado.
E na verdade, eu fico sim
Na cama já adormecido,
Mas as cutucadas fazem
Eu notar que estou vivo,
Por que morto não sente
Mais nada no seu corpo.
Então, minhas muriçocas
Avisam com bom gosto.
É óbvio, a D. Maria José,
Se aborrece até demais,
Com estas muriçocas,
Ela não pensa no que faz.
Mas nada posso fazer,
Dei ideia a D. Maria José,
Porém, é dela a decisão,
Falei, mas ela não quer,
Faço a minha boa parte.
As muriçocas estão aqui
Para me observar sim,
E revelar que não morri.
Pois cada cutucada, eu
Mexo com meu corpo,
E D. Maria José percebe
Que não estou morto.
Mário Querino – Poeta de Deus
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