Ora, eu sonhei assim:
Um senhor e o amigo
Ganharam sementes
De caju. Agradecidos,
Plantaram ditosos
Em seu bom quintal,
Com a expectativa
De produto especial,
Fruto, pra fazer sim,
Suco, chupar o caju
E ainda ter castanha
Aqui em Pindobaçu,
Para torrar e comer
Com prazer e ledice.
O amigo para Deus
Com fé assim disse
Ao findar o plantio
Da semente, ou seja,
Enterrar a castanha
Na terrinha sertaneja:
“Ó Senhor, meu Deus!
Eu plantei a semente,
Faça sim, ela germinar,
Crescer e viva sempre
Verdejante.” Daí se foi,
Esperando pela chuva,
Para então lhe regar,
Sem nenhuma dúvida,
Deus enviou sim, água
Das nuvens para regar
A semente do caju,
A ponto de germinar
E crescer verdejante.
Mas o amigo não foi
Cuidar, como deveria
Cuidar, e só depois
Que a árvore estava
Grande e verdejante,
Ele foi procurar sim,
Seu fruto importante,
E quando lá chegou,
Achou folhas verdes,
Mas nada de fruto.
Daí então, ele desde
Essa hora ficou sim,
Frustrado, com o pé
De caju que ele tinha
Plantado sim, com fé
De um dia encontrar
Fruto com abundância
Para os velhos, jovens,
Adolescentes, crianças
E amigos chuparem
Caju e comerem sim,
A castanha torrada
Tintim por tintim.
Ora, o amigo visitou
O senhor amigo dele,
E quando viu seu pé
De caju, admirou ele,
Pois viu verdejante,
Cheio de fruto sim,
Grande e bonito,
E seu cajueiro ruim,
Somente com folha.
Daí inquiriu assim:
“Amigo, por que o pé
De caju meu é ruim,
Sem ter ainda fruto,
E o teu já esta cheio
De caju grande, bom
E bonito?” “Eu creio
Que você não cuidou
Dele como deveria
Cuidar.” Objetou-lhe
Com muita alegria
Seu bom amigo sim.
Porém, o amigo quis
Se justificar dizendo
Assim, muito infeliz:
“Eu pedi ao Senhor
Meu Deus, que Ele
Fizesse a semente
Germinar sim, e dele
Fizesse uma árvore
Grande e verdejante,
Mas eu fui rever o pé
De caju e vi bastante
Folhas verdes nele,
Mas não tem fruto,
E o teu pé de caju
Está assim, um susto
Eu até tomei ao vê-lo
Tão cheio de caju,
Mas o meu, na terra
De minha Pindobaçu,
Não se dá bem não”
O senhor reagiu:
“Você orou e o Senhor
Com alegria te ouviu,
Pois você pediu para
Deus fazer germinar,
A semente e crescer
O pé com o verdear,
Assim teu pé de caju
Está, é claro, como já
Pediu ao Senhor Deus,
Crescido com verdear.
Ora, eu pedi a Deus
Para fazer o meu pé
De caju surgir, crescer
Florir e frutificar até
Ele morrer de velho,
Mas para isso eu fiz
O bem a ele: reguei
E adubei muito feliz.
Minha mãe, D. Dedé,
Sempre me dizia:
'Saco vazio não fica
Em pé.' Daí eu ria.
Mas ela continuava
O dito: 'Vasilha sem
Água não tira a sede
De quem sede tem.'
Então, se o meu pé
De caju está assim,
Porque cuido dele
Tintim por tintim.
Pois Deus faz nascer,
Crescer, florir e dar
Fruto sim, à vontade,
Mas devemos cuidar,
Senão, o mato abafa,
O sol seca a Terra,
Sobretudo no meu
Amado pé de serra
Titulado Bananeiras,
Que faz parte sim,
Da Região Nordeste,
E tintim por tintim
O sol é bem ardente,
A ponto das plantas
Ficarem com sede,
E a quentura é tanta
Que seca tudo sim.
Por isso sempre eu
Devo procurar água
Para o cajueiro meu.
Por que eu aprendi
Que, quem dá algo,
Também recebe sim,
Este é o bom ditado
Que todos deveriam
Sempre ter na vida
Como uma boa lição.
Então, eu e D. Marisa,
Sabemos muito bem,
Que quem cuida
Com fé, paz, amor
E alegria, Deus ajuda.”
Mário Querino – Poeta de
Deus

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