domingo, 24 de novembro de 2019

ESTA É A ERA EM QUE A FOFOCA SUPEROU A ÉTICA, A MORAL, O RESPEITO E O SIGILO

Poeta Mário Querino e D. Maria José 24/11/2019



Num pequeno Povoado
Havia um casal idoso
Que sempre partilhava
A conversa. Era sigiloso


O assunto entre os dois,
Porém, chegou a ser
Motivo para desconfiar,
Sem saber o que fazer.


Ora, o que eles falavam
Pela manhã, alguém
Aparecia à noite sim,
Sabendo tudo também.


Certo dia, o velho disse:
“Lá na casa de Fulano,
Tem algo que é meu,
E ele não está usando.


Então, vou buscar sim
Para eu guardar aqui.
Por incrível que pareça,
O cara apareceu, eu vi


O objeto na sua mão,
Depois ele disse assim:
‘Este é algo que é seu,
E não serve para mim.


Se é de ficar em casa
Sem a devida utilidade,
Eu trouxe para ficar
Com o dono, é verdade!’


Eu falei: Você me ouviu
Comentando sobre isso?
Pois hoje, mesmo falei
E já tem ouvido e visto.”


Então, não é bom ficar
À-toa e desapercebido,
Nem aí na própria casa,
Pois será visto e ouvido.


Sua conversa pode ser
Ouvida e ainda levada
Para um espaço afável,
Ou aonde só desagrada.


Então, estamos na Era
De sempre vigiar e orar,
Há várias testemunhas
Que já estão a observar.  


Daí então, o casal ficou
Elucubrando, pois não
Tinha ainda visto assim,
Uma Era de informação.


Então, se sentaram sim
Os dois velhinhos ali
Num pequeno banco,
E começaram a discutir


Sobre o vazamento sim
Do diálogo entre os dois.
Mas por fim, chegaram
À conclusão, e depois


Decidiram falar apenas
O necessário no seu lar.
E por ficarem cismados,
Pegaram praxe de vigiar


E orar onde chegassem.
Ora, controlaram a fala,
Puseram freio na língua,
No quarto, cozinha, sala,


Banheiro, e sobretudo,
No quintal, beco e área
Da frente de sua casa.
Só conversa necessária


Eles procuraram falar,
Porém, mesmo assim,
Sua conversa vazava
E o casal achando ruim,


Pois nunca tinha visto
Um tempo fofoqueiro
Como chegou na sua
Velhice, tudo é alheio.


Se foi a Ética, a Moral,
O Respeito e o Sigilo.
Este é o Tempo de ser
Revelado isso e aquilo


Que gostamos de fazer
Aos escondidos sim.
Ora, não quer ver nada?
Não quer ouvir de mim?


Não quer cheirar fedor?
Já não quer nada falar?
Se não quer fazer nada?
Vá procurar outro lugar,


Que viva cego, surdo,
Mudo, de nariz tapado
E ser estátua no espaço.
E nunca neste Povoado.


Mário Querino – Poeta de Deus   

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